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Márcio Peter de Souza Leite (1949-2012)

Expoente da psicanálise lacaniana

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

A chama que manteve Márcio Peter de Souza Leite ativo foi a psicanálise, conta a mulher, a pedagoga Cecília. Embora sofresse há cerca de dez anos de uma doença degenerativa (atrofia de múltiplos sistemas), deu consultas em casa até a semana passada.

"Os pacientes dificilmente se afastavam dele", ela diz.

Paulistano formado em Santos, o médico psiquiatra e psicanalista foi um dos precursores no país da psicanálise lacaniana (de Jacques Lacan, francês que fundiu as teorias freudianas com a linguística e a antropologia).

Seu primeiro contato com a teoria foi na década de 70, em Buenos Aires, onde morou por um tempo depois de formado. Adorava a cidade argentina -tinha até um banco cativo numa praça de lá, brinca a mulher. A filha, Gabriela, publicitária, atualmente vive em Buenos Aires.

Márcio deu aulas na PUC e na USP, atendeu em seu consultório em São Paulo e escreveu seis livros, alguns em parceria, como "Jacques Lacan, Uma Biografia Intelectual" e "Jacques Lacan - Através do Espelho", ambos com Oscar Cesarotto. A obra "Deus é a Mulher" está no prelo.

Há cerca de 20 anos, foi morar na serra da Cantareira, onde criava cães golden retriever. Tinha quase 30. Por causa da paixão pelos bichos -e da própria doença- criou o projeto Dr. Cão, em que os pacientes (velhos ou autistas, por exemplo) formam vínculos sociais por meio dos cães.

Segundo a mulher, o psicanalista era de poucas palavras. "Falava com os olhos, tinha um olhar profundíssimo." Ele morreu ontem, aos 63, em decorrência de uma insuficiência respiratória.

coluna.obituario@uol.com.br

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