Após 7 anos, violência volta a crescer em MG

Os casos de homicídio em Belo Horizonte subiram 22% em 2011 em comparação com o ano anterior, segundo dados divulgados ontem pelo governo de Minas Gerais.

No Estado, os crimes violentos cresceram 10,8%, sendo que os homicídios tiveram alta ainda maior (16,3%), alcançando uma taxa de 18,43 a cada 100 mil habitantes. Na capital mineira, a taxa bateu em 30,6. Em São Paulo, por exemplo, ela não chega a 10.

Os crimes violentos contra o patrimônio em Minas também apresentaram crescimento no período: 12,5% no Estado, 14,5% na região metropolitana e 12,8% em BH.

Entre os anos de 2004 e 2010, a criminalidade apresentou queda no Estado.

TRÁFICO

Para o secretário Lafayette Andrada (Defesa Social), o aumento da violência pode ser atribuído ao crescimento de ocorrências relacionadas ao tráfico de drogas -que resultaram em briga de gangues, acerto de contas e cobrança de dívidas. Há ainda as mortes por motivações fúteis, de acordo com Andrada.

No ano passado, as apreensões de drogas no Estado subiram 17,3%, afirma ele.

O crescimento da violência não surpreendeu especialistas em segurança pública, como o sociólogo da PUC-MG Luiz Flávio Sapori, secretário-adjunto da Defesa Social de Minas entre 2003 e 2006.

"Os avanços alcançados vêm se perdendo rapidamente nos últimos dois anos. Existe uma clara perda de qualidade da gestão da segurança pública", afirmou Sapori no dia 17 de fevereiro, ao comentar o assunto.

DISPUTAS

Na opinião de Robson Souza, integrante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a "falta de governança paralisou os programas [de combate à violência e sociais voltados para a segurança]".

Segundo ele, situação foi agravada por disputas entre polícias Civil e Militar que comprometeram, diz Souza, a integração iniciada em 2003.

DIVULGAÇÃO

As estatísticas de violência de Minas Gerais não eram divulgadas desde setembro de 2010, mas, após cobranças de instituições que trabalham com segurança pública, o governador Antonio Anastasia (PSDB) decidiu fazer divulgação mensal dos dados.

Questionado pela Folha, o secretário Andrada disse que não houve intenção de esconder os números da violência, no período em que eles subiram. Ele disse apenas que os números não foram divulgados em 2011 porque precisavam ser analisados.