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Criminosos matam mais vítimas em assaltos a residência

Estudo da Polícia Civil revela características dos latrocínios ocorridos no Estado durante o ano passado

Segundo delegado, mortes ocorrem porque vítima tem instinto maior de reagir quando está dentro de casa

ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO

Atacado por um ladrão enquanto tirava seu carro da garagem de casa, o professor Edgard Belle da Silva Filho, 44, foi morto com dois tiros.

O latrocínio -um roubo seguido de morte- contra o professor é um exemplo de como os criminosos mataram a maior parte de suas vítimas no Estado de São Paulo no ano passado: em roubos a residências.

Um estudo inédito da UIP (Unidade de Inteligência Policial), do DHPP (departamento de homicídios da Polícia Civil), revela que, das 315 mortes em latrocínio analisadas no Estado, 76 (25%) foram em situações com as vítimas em casa, chegando ou saindo dela.

Ao investigar e esclarecer a morte de Silva Filho, policiais do 16º Distrito Policial (Vila Clementino) descobriram que o suspeito pelo crime é membro de uma quadrilha de ladrões de residências que age na zona sul de São Paulo. O suspeito está preso.

CASOS X VÍTIMAS

Segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública, 2011 teve 309 casos de latrocínio no Estado, com 320 mortos (em alguns casos, há mais de uma vítima).

A pesquisa do DHPP analisou 315 dessas mortes -cinco não foram analisadas.

"Ao analisar esse perfil sobre quem mata e quem morre nos latrocínios, constatamos que a maior parte das vítimas é morta em casa porque é ali que há um instinto maior de reação para defender a família", explicou Jorge Carlos Carrasco, chefe do DHPP.

A recomendação da polícia e de especialistas em segurança é que as vítimas nunca reajam.

O professor Silva Filho também se encaixa no perfil da maior parte das vítimas mortas nos latrocínios: homem (79%) e na faixa etária entre 36 e 45 anos (20%).

O caso do professor foi elucidado. A maior parte dos latrocínios no Estado no ano passado, não: 52% dos crimes ainda estão sem solução; 48% foram elucidados.

"O latrocínio é um crime difícil de ser esclarecido porque o criminoso e a vítima, na maior parte dos casos, não tem nenhum tipo de ligação", diz o delegado Mauricio Guimarães Soares, do DHPP.

CENTRALIZADO

Há um ano, após a Folha revelar que a polícia não tinha informações sobre os autores de 79% dos latrocínios na cidade de São Paulo, o chefe da Polícia Civil, delegado Marcos Carneiro Lima, determinou que as investigações desse tipo de crime passassem a ser centralizadas no departamento de homicídios.

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