Polícia ocupa bairro em Curitiba para implantar 1ª unidade pacificadora

Em uma ação inspirada nas UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) do Rio de Janeiro, policiais militares e civis do Paraná ocuparam ontem um conjunto de vilas no bairro do Uberaba, na periferia de Curitiba, a fim de implantar a primeira UPS (Unidade do Paraná Seguro) do Estado.

Espelhada nas unidades cariocas, será uma unidade para bairros com alto índice de criminalidade e forte presença de traficantes de drogas.

Curitiba, que recebe o projeto piloto, viveu uma alta de violência na última década: tem a sexta pior taxa de homicídio entre as capitais: 55,9 por 100 mil habitantes -à frente de São Paulo, Rio e Salvador.

No bairro do Uberaba, o índice de homicídios é de 73,5 por 100 mil habitantes (a média brasileira é de 26,2).

Na ação de ontem, os policiais, com fuzis, coletes à prova de balas e capacetes, cumpriram 34 mandados de busca e apreensão e revistaram cerca de 3.000 moradores.

Foram presas três pessoas, mas outras 14 já haviam sido detidas em dezembro, numa ação preliminar -incluindo dois chefes do tráfico local.

Não houve apreensão de armamento pesado nem tiroteios, como no Rio. O Exército não foi acionado.

A população aprovou. "Só ouvi uma mulher comentando que estouraram a porta dela. Mas tem que fazer, porque não está escrito na testa quem é bom e quem é ruim", afirma o presidente da associação de moradores, Percy dos Santos.

Quando a UPS for implantada, em uma semana, 62 PMs, que estão recebendo treinamento sobre direitos humanos e uso não letal de armamento, entre outros cursos, farão o policiamento permanente da região. "É uma polícia amiga", afirma Reinaldo César, secretário da Segurança.

O projeto deve ser estendido a outras cidades, até no interior. Em Curitiba, a meta é implantar dez UPSs neste ano.

O Paraná é o terceiro Estado a aderir às unidades pacificadoras; em 2011, a Bahia abriu três bases em Salvador.