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Ciclista morre atropelada por ônibus na av. Paulista

Bióloga foi 'fechada', afirma testemunha

Juliana Ingrid Dias, 33, era pesquisadora do hospital Sírio Libanês, na Bela Vista, onde trabalhava com células-tronco

Acidente ocorreu a poucos metros do local onde uma outra ciclista foi atropelada e morta em janeiro de 2009

Alessandro Shinoda/Folhapress
Corpo de ciclista morta por ônibus na avenida Paulista
Corpo de ciclista morta por ônibus na avenida Paulista

AFONSO BENITES
EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO

Uma ciclista de 33 anos morreu atropelada por um ônibus na manhã de ontem, na avenida Paulista, região central de São Paulo.

Juliana Ingrid Dias, bióloga e pesquisadora do hospital Sírio Libanês, seguia de bicicleta de sua casa, na Vila Mariana, para o trabalho, na Bela Vista, quando o motorista de um carro a "fechou" na avenida Paulista no sentido Consolação. Eram 9h50.

"Ela estava entre a primeira e a segunda faixa da avenida. Quando o motorista do carro a 'fechou'. Ela gritou: 'Cuidado comigo", relatou o estudante Mateo Augusto, 17, que testemunhou o acidente na esquina da avenida Paulista com a rua Pamplona.

Logo na sequência, um ônibus que estava na terceira faixa da direita para a esquerda mudou bruscamente para a segunda faixa e "fechou" a ciclista de novo.

"Ela gritou: 'Olha eu aqui' e gesticulou, o ônibus veio de novo para cima, parecia que queria bater intencionalmente nela, mas ela perdeu o equilíbrio e caiu", afirmou o estudante Augusto, que também é ciclista e é a principal testemunha do acidente.

Quando estava no chão, um segundo ônibus passou com a roda traseira sobre sua cabeça. Juliana morreu na hora. Segundo duas testemunhas e a Polícia Militar, a bióloga ainda foi arrastado por cerca de quatro metros antes do veículo parar. Ela usava equipamentos de segurança, como capacete e colete.

O motorista do ônibus que a atropelou não teve o nome divulgado. Ele disse que não viu a mulher pelo retrovisor, que trafegava lentamente e que só percebeu o acidente quando sentiu o movimento na roda traseira do veículo.

Ao se dar conta do atropelamento, o motorista desceu do ônibus e tentou socorrê-la. Antes, porém, anotou a placa e o prefixo do ônibus que "fechou" a ciclista.

Reginaldo Santos, 36, motorista desse ônibus, foi detido e indiciado sob suspeita de homicídio culposo (sem intenção de matar). Ele pagou fiança de R$ 1.500 e foi solto. A Folha não conseguiu falar com o advogado de Santos.

Após o acidente, ciclistas se deitaram num cruzamento da Paulista, mas foram logo retirados por PMs. À noite, a avenida foi tomada por cerca de 200 de ciclistas.

Eles fecharam a Paulista, caminharam entre a rua da Consolação e a rua Pamplona, acenderam velas, plantaram duas árvores cerejeiras, deixaram flores na calçada e instalaram uma "ghost bike", uma bicicleta branca, no local onde a bióloga morreu.

O acidente que matou Juliana aconteceu a poucos metros do lugar onde outra ciclista morreu, em janeiro de 2009. Na ocasião, a vítima foi a massagista Márcia Regina de Andrade Prado, 40. Lá, também há uma "ghost bike".

Segundo amigos, Juliana era de São José dos Campos, vivia na capital havia um ano e todos os dias ia de casa para o trabalho de bicicleta. Trabalhava com pesquisas de células-tronco e atuava em movimentos ambientalistas.

"Era uma pessoa que queria fazer sua parte para mudar o mundo", disse Luiza Calandra, 26, amiga da ciclista.

Colaborou LEONARDO RODRIGUES

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