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São Paulo vive crise por falta de combustível

Polícia Militar e segurança privada têm de escoltar caminhões até postos; Kassab diz que não cederá a 'chantagistas'

Justiça estipula multa a caminhoneiros parados há dois dias contra restrição de circulação na marginal Tietê

Julia Chequer/Folhapress
PMs escoltam caminhões-tanque pela avenida do Estado, devido a protesto de caminhoneiros
PMs escoltam caminhões-tanque pela avenida do Estado, devido a protesto de caminhoneiros

DE SÃO PAULO

Faltou gasolina e sobrou fila e preços altos nos postos em todo o dia de ontem -o segundo de paralisação de caminhoneiros que interromperam o abastecimento de combustíveis em São Paulo.

Postos que conseguiram se abastecer contaram com escolta particular ou da PM.

Algumas cidades da região metropolitana, como São Bernardo do Campo, Santo André e Mauá também sofreram.

A Prefeitura de São Paulo e o sindicato das distribuidoras conseguiram liminar que estipula multa diária de R$ 1 milhão a dois sindicatos que lideram a paralisação da entrega de combustíveis nos postos. A Polícia Civil abriu inquérito para investigar o boicote.

O sindicato dos caminhoneiros autônomos diz não ter sido notificado da decisão judicial. Afirma que manterá o protesto até que a restrição de caminhões na marginal Tietê seja suspensa, ao menos no período da manhã.

A prefeitura diz que não recuará. "Não negocio com chantagistas", disse o prefeito Gilberto Kassab (PSD).

O sindicato admitiu que os caminhões de transporte de combustíveis já eram restritos antes e que, agora, apenas usa a falta de fornecimento para que todas as cargas sejam liberadas na marginal.

Segundo um balanço divulgado no fim da tarde pelo Sincopetro (sindicato dos donos de postos), de 128 estabelecimentos consultados, 55 não tinham nem uma gota de gasolina, 31 estavam sem álcool e 35, sem diesel. Outros 60 estavam quase vazios.

Na cidade, há 3.200 postos cadastrados na Agência Nacional do Petróleo.

A Folha percorreu estabelecimentos em todas as regiões da cidade e ouviu reclamações de motoristas que correram para encher os tanques.

Na avenida Sumaré, zona oeste, por exemplo, todos os locais com pouco estoque tinham filas imensas. Funcionários diziam que a procura havia aumentado em até 40%.

Todos os combustíveis acabaram ainda na noite de anteontem no posto Shell do Carrefour da Vila Maria, zona norte. Já um Ipiranga do mesmo bairro só conseguiu garantir o estoque com escolta particular, mas, com procura 20% maior, o gerente Francisco Auriberto, 33, acha que ele já vai acabar de novo.

Alguns postos aproveitaram a crise para aumentar os seus preços. Em um estabelecimento de Santana, zona norte, a gasolina aditivada chegou a ser vendida a R$ 5.

Segundo o Procon, a alta nos preços devido à paralisação pode constituir "prática abusiva". O órgão diz que está verificando denúncias. Se confirmadas, os postos podem ser multados (em R$ 400 a R$ 6 milhões) e o caso repassado para o Ministério Público.

(NATÁLIA CANCIAN, CRISTINA MORENO DE CASTRO, EVANDRO SPINELLI, ANDRÉ MONTEIRO E TATIANA FREITAS)

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