Bando cerca motoristas e ataca caminhões

"Desce que é greve", gritaram manifestantes antes de estilhaçar o para-brisa do caminhão que iria descarregar etanol no centro de distribuição da Ipiranga, em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo.

O ataque ocorreu às 23h de anteontem -primeiro dia da paralisação de caminhoneiros que protestam contra a restrição aos caminhões na capital- e também teve como alvo outros três veículos que chegavam ali com combustível vindo do interior.

O dia todo entram e saem caminhões das distribuidoras. Os que vêm das usinas e refinarias do interior paulista descarregaram o combustível nos reservatórios. Ali, caminhões-tanque são carregados com o combustível e seguem para os postos.

"Atiraram um bloco de concreto e, quando saí da cabine, levei um soco na barriga", contou, sob condição de anonimato, um motorista de 28 anos.

Ele e os demais caminhoneiros atacados chegaram quase no mesmo horário, quando cerca de dez homens a bordo de uma caminhonete e de dois carros fecharam a passagem em frente ao centro, na avenida dos Estados.

Após atirar pedras nos caminhões, os "grevistas" roubaram as chaves para impedir que eles passassem do portão. Um dos agressores estaria armado.

Todos estavam sem capuz, segundo as vítimas, e fugiram nos mesmos carros. Até ontem, eles não haviam sido identificado.

Após o ataque, PMs foram colocados na portaria dos distribuidores Ipiranga, Shell, Esso (Rayzen) e Petrobras, na Grande SP. Eles escoltaram caminhões usados em serviços essenciais, como hospitalares, por exemplo.

BLOQUEIO

Ontem, manifestantes impediram a saída de caminhões rumo aos postos, permitindo que os que chegassem das refinarias enchessem os tonéis da distribuidora. "Não fazemos protestos violentos. Só não deixaremos que os postos recebam o combustível", disse o caminhoneiro Wendell Augusto, 34. O sindicato dos caminhoneiros nega envolvimento nos ataques.