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Defesa de Bruno diz que Eliza está morta e culpa Macarrão

'Ela foi morta mesmo', afirma novo advogado do goleiro; ex-amante do atleta está desaparecida desde junho de 2010

Nova versão sustenta que amigo agiu à revelia do jogador e que ele só soube do crime após depoimento de parente

PAULO PEIXOTO
DE BELO HORIZONTE

O goleiro Bruno Fernandes de Souza, preso há um ano e oito meses acusado pelo desaparecimento e morte da ex-amante Eliza Samudio, dirá à Justiça que ela está morta e que Luiz Henrique Romão, o Macarrão, seu ex-secretário, é o mandante do crime.

Essa é a nova versão que o ex-atleta do Flamengo sustentará, diz seu advogado, Rui Caldas Pimenta. Ainda segundo o defensor, Macarrão agiu à revelia de Bruno.

Eliza, que teve um filho com o goleiro, está desaparecida desde junho de 2010. Há mais oito pessoas envolvidas. Entre elas, um primo adolescente do jogador, que já cumpre medida socioeducativa. O goleiro e os demais acusados aguardam julgamento.

A mudança de versão é estratégia do advogado, que assumiu o caso em novembro.

"Estou usando nova estratégia, porque a defesa dele, até então, dizia que não tinha corpo. Sem corpo, não pode falar em crime. Não há a necessidade de corpo para que se acuse a pessoa de crime. Então por que não falar a verdade? Ela foi morta mesmo."

Para ele, não há no processo nada que incrimine o goleiro. Pimenta aguarda que o STF (Supremo Tribunal Federal) julgue em abril pedido de habeas corpus para que o jogador responda em liberdade.

ADOLESCENTE

Pimenta disse que a trama foi contada ainda no Rio pelo primo adolescente de Bruno (chamado pelo advogado de sobrinho), que ficou assustado com a barbaridade que viu.

No depoimento do garoto à polícia do Rio, Eliza foi levada por Macarrão até o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que a estrangulou com uma gravata. Depois, cortou membros dela e atirou pedaços a quatro cães.

"Ele vai dizer pela primeira vez que conclui que ela realmente esteja morta, porque o próprio sobrinho falou no Rio. Tanto é que ele não é mais o amigo do Macarrão. Ele o acha culpado de ele estar sofrendo isso", disse Pimenta.

AMIGOS

"A imprensa fala que eles são amigos. Que amigo o quê. Tem verdadeiro ódio dele; [Bruno me disse:] 'Eu vou te falar, esse filho da puta me botou em uma fria enorme. Eu sempre o ajudei. Não podia ter feito isso comigo'.''

Questionado pelo fato de Bruno, mesmo sabendo do depoimento, ter negado a morte inicialmente, Pimenta atribuiu isso à defesa dos advogados anteriores. E também porque Bruno custou a acreditar na versão do parente.

"Se o rapaz não fala, esse crime ia ficar indecifrável. O menino acompanhou Macarrão e viu o sujeito amarrar as mãos dela. Ela já estava sem os dentes todos, porque o Macarrão já tinha chutado a boca dela toda, machucou a moça toda, antes de ela saber que ia pro matadouro."

TATUAGEM

Para o advogado, o fato de Macarrão ter tatuado nas costas uma "inusitada declaração de amor ao Bruno" revelaria o tanto que Eliza o incomodava. "Tem uma homossexualidade, um caso estranho envolvido nisso aí."

A tatuagem foi feita no Rio na véspera de eles seguirem com Eliza e o bebê para o sítio do goleiro em Minas: "Bruno e Maka. A amizade nem mesmo a força do tempo irá destruir, amor verdadeiro".

Segundo o defensor do goleiro, Macarrão sabia que Eliza estava "incomodando muito o Bruno", com os pedidos de dinheiro, por causa do bebê. "Ele se arvorou, porque o Bruno não tinha ele, tinha ela como mulher dele, tinha relação com ela", disse Pimenta.

O advogado se diz esperançoso com o habeas corpus e acha que, livre, Bruno poderia retomar sua carreira por mais três anos, quando o julgamento pode vir a acontecer.

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