Novo acidente expõe abandono de pontes

	Adriano Vizoni/Folhapress
	Buracos na calçada do viaduto João Julião da Costa Aguiar, na zona sul de São Paulo

A queda de parte da estrutura da ponte do Morumbi, ocorrida sábado na marginal Pinheiros, acendeu de novo o alerta para as más condições de pontes e viadutos na cidade. No caso, ninguém se feriu e o trânsito foi logo liberado.

Dez dias atrás, porém, incidente parecido deixou cinco feridos na avenida 23 de Maio, com a queda de concreto de um viaduto sobre um táxi.

A Folha percorreu ontem pontes de várias regiões da cidade de São Paulo acompanhada dos engenheiros Renato Landmann e Engler Apaza Medina, especialistas em inspeção de grandes estruturas.

De dez visitadas, eles detectaram problemas em nove. Apenas uma ponte -a do Limão, reformada em 2009- não oferecia nenhum risco.

Os problemas mais comuns são infiltrações, falhas em juntas e baixa altura para passagem de caminhões -há muitos choques por conta disso.

As consequências vão desde a queda de concreto, como ocorreu na ponte do Morumbi e no viaduto Brigadeiro Luís Antônio, sobre a 23 de Maio, até problemas mais sérios, como danos estruturais que podem levar à interdição.

"Quanto mais se posterga a manutenção, mais onerosa será a reforma", afirma Julio Timermann, da Associação Internacional de Pontes e Engenharia Estrutural.

ACORDO

O sinal de alerta já havia sido acionado em 2007, quando, a partir de um estudo do Sindicato de Arquitetura e Engenharia, o Ministério Público exigiu que a Prefeitura de São Paulo reformasse 68 pontes e viadutos num prazo de dez anos. Passados cinco, apenas 18 foram reformados.

E só agora a prefeitura fará um diagnóstico aprofundado sobre o estado das suas pontes e de seus viadutos.

O incidente no Morumbi ocorreu quase no mesmo momento em que o prefeito Gilberto Kassab (PSD) visitava as obras no viaduto Pompeia, na zona oeste, que teve a estrutura danificada após um incêndio em 9 de janeiro.

O prefeito estuda pedir ao Ministério Público uma ampliação do prazo das reformas.

Em seu plano de metas para 2012, ele prometeu obras em 30 pontes e viadutos -18 estão na lista do Ministério Público. Da lista, reformou nove.

A maioria dos 456 viadutos, pontes e passarelas da cidade datam das décadas de 1950, 1960 e 1970. As estruturas têm vida útil de 50 anos. Estão, portanto, no limite.