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Opinião

Cultura do automóvel elimina efeito do veto a caminhões

JOSÉ LUIZ PORTELLA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Restrições a veículos pesados não resolvem o problema de trânsito. Na av. Bandeirantes, na marginal Pinheiros, as restrições tiveram efeito por 12 meses, no máximo, 18.

O espaço livre é ocupado por veículos que faziam outros trajetos. Mais os inúmeros veículos novos que entram em circulação todo dia, o esvaziamento de caminhões é anulado.

A questão é a prioridade que se dá ao carro. E a carência de transporte público não pode ser usada como desculpa. Em Londres, Nova York e Paris, com imensas redes de metrô, o carro continua sendo um problema sério, a ponto de Londres adotar o pedágio urbano. Ou seja, não é real que, havendo transporte público em boa quantidade como nessas cidades, as pessoas deixem de usar seus carros. Uma boa parte não o faz.

Não existe caminho fácil e com solução imediata para um problema que vem sendo gerado há anos. Além da expansão do metrô e dos corredores de ônibus, as melhores alternativas são as que diminuem as demandas de movimento de cargas e de uso de transporte público.

O transporte de cargas pode ser reduzido com planejamento logístico e o importante projeto do hidroanel de São Paulo, que pode eliminar cerca de 30% das 400 mil viagens por dia de caminhões na cidade. É um anel hidroviário formado pelos rios Tietê e Pinheiros, pelas represas Billings e Taiaçupeba e um canal entre as duas represas, circundando a cidade.

A demanda por transporte diminuirá com a combinação do adensamento populacional da região central, onde há muito emprego e poucos habitantes, como a Barra Funda, e a criação de empregos na periferia, onde há pouca oferta de trabalho.

PADRÃO

A dificuldade dessas medidas é a mudança de hábito. A quebra do "padrão carro" na cabeça de todos e dos interesses econômicos contrariados. Grande parte do lixo poderá ser transportada pelo hidroanel. Isso alteraria os contratos de coleta e transporte hoje existentes.

A política de adensamento de regiões como a Barra Funda mexe com o mundo imobiliário.

Derrubar esses velhos padrões é a grande batalha a ser vencida.

JOSÉ LUIZ PORTELLA, 58, engenheiro civil, foi secretário-executivo dos ministérios do Esporte e dos Transportes, secretário estadual dos Transportes Metropolitanos e secretário de Serviços e Obras da Prefeitura de São Paulo, além de presidente da Fundação de Assistência ao Estudante

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