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Masaru Shibao (1910-2012)

Locutor japonês autor de haicais

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Para que uma família japonesa pudesse vir viver no Brasil, naqueles anos 20, precisava ter ao menos três membros acima dos 18 anos. Masaru Shibao, aos 19, juntou-se aos tios para a mudança.

Filho de lavradores, chegou à região de Jaú (SP) para exercer, em fazendas de café, a mesma atividade dos pais. Há mais de 70 anos, mudou-se para Lins (SP), onde, casado com a dona de casa Hiroko, teve várias atividades.

Foi professor de japonês, bancário, comerciante, locutor de um programa de rádio e colaborador de um jornal.

O programa, sobre assuntos diversos para a comunidade nipônica, chamava-se "Hora da Terra da Cerejeira". Era diário, com uma edição especial aos domingos: cantores competiam entre si num programa de auditório.

Segundo a filha Masae, o pai, que gostava muito de música, tinha alma de artista. Em Lins, integrou um grupo de poesia. Escrevia haicais (poema de origem japonesa com três versos de cinco, sete e cinco sílabas) e tankas (composições líricas breves).

Ganhou prêmios pelos escritos. A família juntou sua produção numa coletânea.

Ao Japão voltou uma única vez, em 1970, para rever a mãe, já em idade avançada. A passagem foi comprada após vaquinha da família.

Aposentou-se como bancário. Todos os dias, religiosamente, acompanhava na TV um canal estatal japonês.

Esteve lúcido até o fim, conta a filha. Passou por uma cirurgia por causa de um câncer no rim, mas não resistiu.

Viúvo desde 1998, morreu na quarta, a oito dias de fazer 102 anos. Teve seis filhos, nove netos e seis bisnetos.

coluna.obituario@uol.com.br

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