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Família sobre rodinhas

Em novo auge, patins estão de volta, conquistam mais adultos e viram atividade em família nos parques da cidade

Isadora Brant/Folhapress
Mariana com os filhos João Pedro, Maria Clara (shorts branco) e Gegê, andam de patins no parque Ibirapuera
Mariana com os filhos João Pedro, Maria Clara (shorts branco) e Gegê, andam de patins no parque Ibirapuera

NATÁLIA CANCIAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Deitada na cama, a professora Mariana Camargo Leite, 45, se viu com três filhos pequenos em casa, tempo de sobra no final de semana e uma dúvida: "Afinal, o que fazer quando acordar de manhã?"

Lembrou da atividade que fazia quando criança e resolveu o problema com quatro pares de patins, o telefone de um instrutor e idas ao parque Ibirapuera, em São Paulo.

Não foi a única. Depois de passar um longo tempo esquecidos no armário, os patins voltaram a circular e já vivem um novo auge.

Com uma diferença: antes preferido pelas crianças, agora eles conquistam principalmente pais, tios e avôs.

Segundo instrutores e escolas de patinação, o número de famílias que procuram por aulas aumentou até 60% nos últimos dois anos.

O retorno do equipamento também foi sentido nos parques. No Ibirapuera, a administração chegou a colocar pequenas barreiras em locais onde há maior fluxo de skatistas e patinadores.

"É uma coisa impressionante. Você vai ao parque e está cheio de gente de patins por todos os lados", conta Mariana, que já conseguiu juntar os três filhos e dois sobrinhos em um passeio em cima das rodinhas. Hoje, leva os patins quando vai ao litoral.

Conhecida como "Nona", a aposentada Vera Berthe, 64, começou a usar os patins nos 1990 incentivada pelos filhos. "Era aquele boom e eu resolvi tentar", lembra. Agora, é ela quem incentiva os quatro netos, de cinco a oito anos.

O grupo se reúne às sextas. Quando tem folga, uma das filhas de Nona também participa. "É uma hora em que dá para juntar todo mundo", comemora a avó.

BRINCADEIRA DE ADULTO

O retorno dos patins já aparece também no aumento do número de eventos da categoria e, também vale registrar, nas vendas do equipamento. "Hoje, temos dois eventos por mês. Antes, eram quatro a cinco por ano", afirma Ed de Oliveira, 35, presidente da Federação Paulista de Esportes sobre Patins.

Lojas e distribuidoras de patins confirmam o "revival". Na Rolling Sports, que representa as marcas Powerslide e Rollerblade no Brasil, as vendas cresceram 70% em dezembro de 2011 em relação ao mesmo período de 2010.

Lojas como Traxart e Decathlon também relatam um aumento na procura por patins.

Segundo o instrutor Robson Corvo, 39, além da maior adesão de famílias ao esporte, a nova "fase" dos patins se destaca por uma particularidade: hoje, acredite, atrai mais adultos do que crianças.

A aposentada Nilza Maria Nezes Mancuso é um exemplo desses dois fenômenos: ela começou a patinar sozinha aos 61 anos. Tempo depois, comprou um par de patins para presentear a neta.

"Eu via os outros patinando e fiquei com vontade. Pensei: por que não? Em cinco aulas, já conseguia patinar", diz Nilza, hoje com 65 anos.

Quatro meses atrás, a comerciante Nika Watanabe, 42, começou a andar de patins. "Era uma vontade antiga que eu tinha. Sempre achei legal, mas passaram os anos e deixei de lado."

Ela conta que decidiu tentar após conversar sobre o assunto com a família.

"Passou a ser um esporte de final de semana e com todos juntos", diz Nika, que costuma andar ao lado do marido e da filha Kelly, 7.

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