Exploração de morro ameaça os 12 profetas de Aleijadinho

O santuário Bom Jesus do Matosinhos, que abriga os 12 profetas esculpidos em pedra-sabão por Aleijadinho, em Congonhas (MG), está ameaçado pela possível exploração de um morro nas cercanias da cidade.

Esse é o parecer do Ministério Público mineiro, apoiado pelo Iepha (órgão do patrimônio artístico estadual), contra a exploração minerária e siderúrgica da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) no morro do Engenho, a cerca de 9 km dali.

Para a Prefeitura de Congonhas, no entanto, a cidade não pode abrir mão do desenvolvimento social e econômico financiado pelos R$ 11 bilhões de investimento da companhia.

Neste semestre, um projeto de iniciativa popular que tramita na Câmara Municipal desde 2008 e pretende impedir atividades econômicas no morro deve ir a votação.

Trata-se de uma tentativa de regulamentar uma lei municipal sobre o tombamento da serra da Casa de Pedra, conjunto de morros que inclui o do Engenho.

Para a Promotoria, a extração de minério de ferro afetará a biodiversidade e a "moldura" do santuário, que é patrimônio histórico da humanidade e de onde se pode avistar o morro. Um laudo feito por peritos do Ministério Público constatou que a serra está diretamente ligada à identidade cultural da comunidade de Congonhas.

Para o prefeito Anderson Cabido (PT), no entanto, a "proibição da atividade econômica colocará em risco o processo de desenvolvimento econômico sustentável de toda a região. Estamos falando do futuro da cidade, dos nossos filhos e netos".

A CSN informou, em nota, que mantém diálogo "sólido e transparente" com a cidade e "acredita que será possível conciliar o desenvolvimento econômico à preservação dos recursos naturais". A empresa disse ainda que haverá ganhos sociais e econômicos, como criação de 20 mil empregos e arrecadação de impostos três vezes maior.