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Depoimento

Parque da marginal faz parte da memória afetiva da cidade

TONY GOES
COLUNISTA DO F5

Sou antigo o suficiente para lembrar da primeira encarnação do Playcenter, num terreno em frente ao ginásio do Ibirapuera. No início nem nome tinha: era só um tobogã, o brinquedo mais excitante daquele começo dos anos 70.

Ficávamos horas na fila. Aí sentávamos em sacos de estopa e, após dois segundos nos esgoelando, já estávamos de volta ao chão -e à fila.

Aos poucos outros brinquedos surgiram. Meu favorito era um simulador de volante de F-1. Eu sentava e saía batendo nos carros virtuais.

A essa altura já se chamava Playcenter, e sua mudança para a marginal Tietê foi o acontecimento mais sensacional de 1973. São Paulo tinha outros parques, mas nenhum tão grande e moderno.

Fiquei anos sem ir ao Playcenter. Voltei já adulto, e vi que alguns brinquedos ainda estavam lá. Mas o prazer, não. Tudo me enjoava, tudo me dava dor de cabeça. Como foi que algum dia eu pude achar graça na Barca Viking?

Mesmo assim, a notícia do fechamento me deixa triste. O Playcenter faz parte da memória afetiva de muitas gerações de paulistanos. É um pedacinho na nossa história que se vai. Não faz mal: em algum lugar da minha cabeça, ainda estou gritando de pavor e de alegria.

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