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Registro de abuso sexual de crianças triplica

Aumento foi registrado em dez anos no Hospital Estadual Pérola Byington; para especialistas há mais conscientização

Entre 2001 e 2011, registros passaram de 352 para 1.088; entre adolescentes, os casos quadruplicaram

FILIPE OLIVEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O número de crianças atendidas no Núcleo de Violência Sexual do Hospital Estadual Pérola Byington triplicou entre 2001 e 2011. O levantamento é da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.

Em 2001, foram 352 atendimentos a crianças. No ano passado, 1.088.

Entre adolescentes, o número quadruplicou: 198 casos em 2001 e 759 em 2011.

Porém, não é possível relacionar o maior número de atendimentos com um possível aumento da violência sexual contra crianças, segundo o médico Jeferson Drezett, coordenador de gerência do núcleo no hospital.

"Há melhora na denúncia desses casos. Hoje não aceitamos mais essa violência."

O médico diz que a tendência é que os atendimentos cresçam por mais quatro ou cinco anos e se estabilize.

Ele explica que a maioria dos casos que chega ao hospital vem de delegacias. Apenas 15% das vítimas vêm de forma espontânea.

Especialistas ouvidos pela Folha concordam que o aumento de notificações é resultado da maior conscientização da sociedade. Também dizem acreditar que o crime ainda é subnotificado.

Segundo Neyla França, da Sociedade Brasileira de Psicanálise e coordenadora do grupo de criança e adolescente, em muitos casos, o agressor está dentro da família e age de forma carinhosa.

Lauro Monteiro, pediatra e editor do site "Observatório da Infância", elogia o Disque-Direitos Humanos (telefone 100), da Secretaria de Direitos Humanos, mas critica a falta de um número específico para a violência sexual.

Para Itamar Gonçalves, da Childhood Brasil, é preciso discutir sexualidade nas escolas e ter a participação de professores na identificação de possíveis vítimas.

A pedagoga Marisa Mendes, 47, conta que foi vítima de violência sexual pelo pai: "Aconteceu quando tinha 11 anos. Vivi com medo em toda minha infância".

Ela conta que o sofrimento foi tão intenso que tentou se matar duas vezes.

Para ajudar pessoas que passaram por sofrimento semelhante ao seu, tornou-se educadora e criou a ONG Parábola, que atua na assistência de jovens vítimas de violência e famílias em situação de risco. Diz que já atendeu mais de 2.000 jovens em um ano e que esse número vem aumentando.

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