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Redução de velocidade não aumenta lentidão, diz CET

Estudo da companhia derruba mito sobre causas de congestionamentos

Ao andar mais devagar, carros podem diminuir distância entre si; após medida, avenida 23 de Maio manteve fluxo

VANESSA CORREA
CRISTINA MORENO DE CASTRO
DE SÃO PAULO

Quando diminuímos a velocidade máxima de uma via com trânsito intenso, os congestionamentos aumentam? Estudo inédito da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) paulistana diz que não.

A companhia analisou a redução da velocidade máxima da avenida 23 de Maio, de 80 km/h para 70 km/h, ocorrida em 2010, e concluiu que a quantidade média de carros que passam na via por hora praticamente não se alterou.

Em 2009, cerca de 10.530/h veículos passavam na pista sentido centro-bairro. Em 2010, passaram 10.358/h veículos no mesmo sentido.

Taxistas ouvidos pela Folha confirmam que não notaram uma piora no trânsito decorrente da mudança na velocidade -inclusive porque a via costuma ficar travada.

Mas tampouco aprovam redução ainda maior. "Se diminuir para 60 km/h? Aí complica", diz o taxista Renato Aquino, 34, que passa cinco vezes por dia pela 23 de Maio.

A conclusão do estudo da CET contraria o senso comum, mas é tida como esperada por especialistas.

É que quanto mais rápido um carro anda, maior a distância que ele tem que guardar do veículo à frente. Portanto, quanto maior a velocidade, mais espaço cada carro vai ocupar na via.

Por outro lado, quando o trânsito está parado, um carro pode ficar colado ao outro.

O maior fluxo possível ocorre quando todos os carros podem andar com segurança e cabe o maior número possível de veículos na via. Diz o estudo que, na av. 23 de maio, isso ocorreria a uma velocidade média de 50 km/h.

Além disso, a diminuição da velocidade, diferentemente da percepção comum dos motoristas, tem pouco impacto no tempo que se leva para chegar ao destino.

Segundo Horácio Horácio Augusto Figueira, consultor em engenharia de tráfego e transporte, a redução de 80 km/h para 70 km/h em um trecho de dez quilômetros aumenta a viagem em apenas 1,5 minuto, se sempre mantida a velocidade máxima.

A redução das velocidades é defendida por especialistas como forma de diminuir o número e gravidade de acidentes e atropelamentos.

Segundo dados da CET, na 23 de Maio, os acidentes caíram 27% no primeiro ano.

REDUÇÃO EM SÉRIE

Ela foi a primeira via a sofrer redução de velocidade nesta gestão. Várias outras já foram alteradas desde então, como a Radial Leste, a Bandeirantes e a Sumaré.

"Ao reduzir, a CET corrigiu um erro antigo", diz Sérgio Ejzenberg, mestre em transportes pela USP. Ele pondera, no entanto, que há um limite. "Se diminuísse para 50 km/h na 23 de Maio, iria gerar um desconforto para o motorista fora do horário de pico, que ia ficar tentado a desobedecer a sinalização."

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