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Brasileiro morto é homenageado em passeata na Austrália

Cerca de cem pessoas cruzaram praia de Sydney para lembrar Roberto Curti, morto há oito dias pela polícia

Cerimônia teve discurso e flores jogadas ao mar; amigos e familiares no local se recusaram a falar com a imprensa

FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A SYDNEY
JACIRA WERLE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Familiares e amigos de Roberto Curti, 21, fizeram ontem uma passeata em homenagem ao estudante, morto há oito dias pela polícia australiana. Vestidas de branco, cerca de cem pessoas -a maioria estudantes brasileiros- andaram de uma ponta a outra da praia Bondi, a mais popular de Sydney.

"Ninguém pode dizer que viu o Betinho pra baixo", disse a estudante Vanessa Bestetti, ao ler um discurso de homenagem. "Ele realmente vivia intensamente e dizia que nada de ruim mais podia acontecer, que ele há havia perdido a coisa que mais importava na vida. Foram os pais, que faleceram quando era muito jovem."

Não houve menção à polícia, que matou Curti na madrugada do domingo passado com uma arma de choque elétrico. O único cartaz citava um trecho da "Canção da América", de Milton Nascimento: "Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar".

Bestetti descreveu Curti como alegre, dono de um "coração gigante", "amigo de todos" e "cercado de mulheres". Ela disse que ele "adorava jogar uma bola". "Naquele dia [da morte], ele falou que tinha feito um gol."

"O fato de Sydney ser tão calma realçou a violência da polícia", disse Iaçanã Alves, que participou da caminhada mesmo sem conhecer Curti. Há 16 anos no país, disse que nunca viu um caso assim.

O grupo leu um poema, rezou e lançou rosas amarelas ao mar. No final, foi tocada sua música favorita,"Young, Wild and Free" (jovem, selvagem e livre), de Wiz Khalifa.

A irmã Ana Luísa e o marido australiano participaram da passeata, mas se recusaram a falar com a imprensa. Por telefone, o advogado da família disse que não comentará o caso porque a investigação está em andamento.

Os amigos também não falaram com os jornalistas, aparentemente em reação a relatos de que o estudante teria consumido drogas e que estava com um comportamento "estranho e paranoico" quando foi morto.

A dúvida principal da polícia é se ele de fato roubou o pacote de bolachas. As imagens gravadas na loja não foram divulgadas e o corpo ainda não foi liberado da autópsia.

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