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Superlotado, hospital interna até no chão

Em Porto Velho (RO), pacientes de unidade estadual dormem pelos corredores; local tem 150 leitos e 200 doentes

Vídeo de agricultor internado em péssimo estado de higiene causou reações dos conselhos de medicina

KÁTIA BRASIL
DE MANAUS

No lugar de camas ou até mesmo macas, pacientes internados no hospital João Paulo 2º, em Porto Velho (RO), dormem no chão.

O hospital estadual de média e alta complexidade, com 150 leitos, tem hoje cerca de 200 pacientes internados.

Em janeiro de 2011, o local tinha 320 pacientes e o governo de Rondônia decretou "estado de perigo iminente e de calamidade pública no setor hospitalar". Na época, o governador, Confúcio Moura (PMDB), pediu ajuda ao Ministério da Defesa.

Um ano depois, os resultados da superlotação vão além. Ontem, imagens de um homem deitado no chão do hospital, agonizando e com larvas na boca, foram veiculadas em sites e causaram a reação dos conselhos federal e estadual de medicina.

Segundo a direção da unidade, trata-se de um agricultor que deu entrada no hospital na sexta-feira com necrose na boca, que estava infestada de larvas.

"Ele deu entrada aqui com as larvas. Ele extraiu um dente com um alicate, sem a mínima higiene", disse o diretor-executivo do hospital, Carlos Eduardo Araújo.

Segundo ele, o paciente foi submetido ontem a uma cirurgia de extração da raiz residual do dente. "Foram retiradas todas as larvas."

"Temos dificuldades estruturais. Temos hoje perto de 200 pacientes internados."

O agricultor está internado e seu quadro é estável.

DIREITOS HUMANOS

A presidente do Conselho Regional de Medicina de Rondônia, Maria do Carmo Wanssa, disse o caso será denunciado ao Ministério Público.

"Quando chega ao hospital, o paciente tem que ser atendido logo. O problema foi o descaso", disse.

Em nota, o Conselho Federal de Medicina repudiou o tratamento recebido no hospital. "O caso exemplifica o desrespeito aos direitos humanos e à Constituição brasileira, que determina que a saúde é um direito de todos e um dever do Estado".

Em nota, a Secretaria de Saúde de Rondônia informou que a situação do agricultor resultou de uma extração de dente, e afastou a hipótese de a infecção ter sido contraída dentro do hospital.

A reportagem não localizou parentes do agricultor para comentar o caso.

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