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Análise

Motoristas não percebem melhoria porque limitar tráfego é medida paliativa

JOSÉ ALMEIDA SOBRINHO
ESPECIAL PARA A FOLHA

As grandes metrópoles como São Paulo vivem em busca permanente de soluções para o grande problema do trânsito devido ao aumento desproporcional do número de veículos em circulação.

Com a restrição de caminhões, mais recentemente na marginal Tietê e já há algum tempo na Pinheiros, a capital tenta desonerar as referidas vias dos extensos trechos de lentidão causados pela baixa velocidade e excessivo volume desse tipo de veículo.

A restrição de horário para circulação faz com que os veículos que necessitem trafegar pelas vias afetadas fiquem de certa forma represados em áreas anteriores à espera do horário permitido para circular. A medida, portanto, não reduz o volume de veículos que circulam pelas vias, apenas tenta distribuí-los no decorrer do dia.

Porém, essa distribuição pode causar efeito contrário: levar o período de lentidão também para os horários permitidos e não reduzir o mal nos horários restritos.

Isso ocorre porque ao perceberem que a via está livre dos veículos pesados, os condutores dos veículos menores passam a usá-la em maior quantidade, sobrecarregando seu volume em substituição aos caminhões ausentes.

A partir do momento em que os caminhões têm permissão para circular, somam-se aos veículos menores que já ocupavam praticamente toda a via. Assim, com a soma dos caminhões que ficaram represados aos veículos que ocuparam seu espaço nos horários de pico, a via corre o risco de ficar o dia inteiro congestionada.

As medidas restritivas à circulação de veículos, seja o rodízio por final de placa, seja a proibição temporária de caminhões, são apenas soluções paliativas para o trânsito. Elas se revelam temporárias porque a situação sempre volta ao estado crítico em algum tempo. E não há possibilidade de revogação das proibições. Isso porque o trânsito permanece ruim mesmo com as restrições, mas ficaria muito pior sem elas.

É o que vemos em muitos casos atualmente hoje: os transportadores descontentes pela restrição e os demais usuários descontentes por não perceberem melhoria.

JOSÉ ALMEIDA SOBRINHO é presidente do conselho deliberativo do Instituto Brasileiro de Ciências do Trânsito

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