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São Paulo supera Rio em índice de roubos

Pela primeira vez desde 2006, número de registros do crime por 100 mil habitantes é maior em território paulista

População fluminense, no entanto, sofre mais com crimes contra a vida, como homicídios, mostram dados de 2011

AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO
JOSMAR JOZINO
DO “AGORA”

Qual Estado é mais violento, Rio ou São Paulo?

Depende.

Se o índice criminal analisado for o homicídio, a resposta é Rio. A surpresa está quando se analisa os principais crimes patrimoniais.

Pela primeira vez desde o ano de 2006, São Paulo passou o Estado vizinho no número de registros de roubos.

A Folha analisou dados da Segurança Pública dos dois Estados entre 2006 e 2011.

Todas as comparações levam em conta taxas de crimes por 100 mil habitantes. A conclusão é que, proporcionalmente, os ladrões agem mais em São Paulo do que no Rio -estão contabilizados todos os tipos de roubos e furtos, como de carros, de bancos, de residências, de pedestres etc.

Foram registrados 755 roubos em território paulista para cada grupo de 100 mil habitantes no ano passado. Em território fluminense, foram 660, no mesmo período. Para efeito de comparação, os EUA registraram 533 roubos por 100 mil habitantes em 2009 -último dado disponível.

O coordenador do Centro de Pesquisas em Segurança Pública da PUC Minas, Luis Flávio Sapori, afirmou estar surpreso com a mudança.

"Isso nos faz pensar que a redução dos homicídios em São Paulo não se deve só a uma boa política. Se fosse assim, também teria reduzido os crimes patrimoniais."

Para Sapori, a redução dos homicídios em território paulista também pode estar vinculada à existência de várias facções criminosas no Rio, como Comando Vermelho, Primeiro Comando e Amigos dos Amigos, e de apenas uma em São Paulo, o PCC (Primeiro Comando da Capital).

"Eles [o PCC] monopolizaram a distribuição das drogas e estão resolvendo conflitos de outra forma que não seja pelos assassinatos. Isso influenciou nos índices de homicídios, mas não nos de roubo."

Para o pesquisador Guaracy Mingardi, da Fundação Getulio Vargas, a polícia paulista tem sido omissa no combate aos crimes patrimoniais.

"A polícia ainda está dormindo sobre a glória de ter reduzido os homicídios, mas isso não basta", afirmou.

Professor da Universidade Estadual do Rio, Ignacio Cano desconfia da redução da criminalidade fluminense.

"Desde 2009, o governo criou um prêmio para as polícias reduzirem seus índices. Qual é a garantia de que alguns policiais não desestimulam as pessoas a registrarem os crimes de roubo? Sem esse registro, a estatística fica favorável ao policial, e a premiação aumenta", disse.

O consenso entre esses especialistas é que não basta reduzir os crimes de homicídios. Afinal, um dos fatores que elevam a sensação de insegurança é saber que a qualquer momento você pode ser roubado, afirmam eles.

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