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Ordem era derrubar tudo, afirma pedreiro

Servente trabalhava na reforma do 9º andar do ed. Liberdade, que desabou

Prédio desmoronou em janeiro no centro do Rio; 19 pessoas morreram e três ainda estão desaparecidas

ITALO NOGUEIRA
DO RIO

O servente Wanderley Muniz da Silva, 22, que trabalhava como auxiliar de pedreiro na reforma do 9º andar do edifício Liberdade, que desabou em janeiro no centro do Rio, afirmou que a ordem era "quebrar tudo".

Em depoimento à polícia, ele disse que foram derrubadas quatro paredes de concreto armado com vergalhões de ferro, incluindo uma coluna. As obras eram realizadas em imóvel da empresa TO (Tecnologia Organizacional).

"Existia uma planta na parede que dizia para a gente quebrar tudo", contou ele à Folha em sua casa, em Magé, na região metropolitana do Rio de Janeiro.

Em janeiro o edifício Liberdade desabou junto com outros dois prédios vizinhos, matando 19 pessoas e deixando três desaparecidas.

A principal suspeita da Polícia Federal, responsável pelo caso, é que a reforma no andar da TO tenha retirado paredes de sustentação de todo o prédio.

A empresa afirma, desde o acidente, que a reforma não mexeu em paredes estruturais do andar. Em nota, informou que não comentaria as declarações do pedreiro.

Silva afirmou que os quatro pedreiros da obra perguntaram aos responsáveis se não haveria a necessidade da presença de algum arquiteto ou engenheiro durante a obra, mas foram orientados a seguir com os planos.

Ele disse que vergalhões que saíam do chão e chegavam ao teto foram cortados com lixadeiras.

A planta feita pela polícia a partir de descrição de Silva mostra que o local tinha nove ambientes diferentes. Apenas uma sala permaneceu com suas paredes.

Ele recebia R$ 50 por dia de trabalho.

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