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Odor de ovo podre do rio pode causar enjoo e dor de cabeça

Mais forte em dias quentes, o mau cheiro é resultado do esgoto em decomposição, explica professor da USP

Com o passar do tempo, as pessoas podem se acostumar, mas os efeitos à saúde continuam os mesmos

EDUARDO GERAQUE
RICARDO GALLO
DE SÃO PAULO

Sem conseguir despoluir o rio Pinheiros, o governo de São Paulo decidiu apostar em outra frente: acabar com o cheiro de ovo podre do rio - uma espécie de cartão postal às avessas da cidade.

O mau cheiro incomoda quem trabalha e vive na vizinhança, uma das áreas mais nobres da capital paulista e alvo do mercado imobiliário.

Onipresente, o fedor chega à marginal Pinheiros, à linha de trem e à ciclovia que beiram o rio e, por exemplo, ao shopping Cidade Jardim.

Em fevereiro, um grupo de trabalho da Secretaria de Estado Meio Ambiente convidou empresas a apresentar soluções para o problema.

O relatório com as tecnologias, em fase de compilação, será entregue ao secretário Bruno Covas em um mês. Em seguida, irá para o governador Geraldo Alckmin (PSDB).

PROPOSTAS

Entre as propostas há três soluções, segundo Zuleica Perez, líder do grupo de trabalho. A primeira são as microbiológicas, em que pequenos organismos "comem" o esgoto na água. A segunda é o uso de produtos químicos, tal qual o adotado em piscinas.

Medidas não tradicionais formam o último grupo: entre elas, mover a água do rio de um lado para o outro -como nos canais de Amsterdã- o que ajudaria a oxigenar a água e dissipar o mau cheiro.

O Tietê, aliás, é menos fedorento que o Pinheiros justamente por isso: no primeiro, as águas se movimentam mais. No Pinheiros, ficam praticamente paradas.

O governo do Estado não sabe quanto custará executar o projeto escolhido.

Ex-secretária do Meio Ambiente, Stela Goldenstein diz haver técnicas "plausíveis" que podem eliminar o mau cheiro em "meses". Ela dirige a Associação Águas Claras do Rio Pinheiros, ONG bancada por oito grandes empresas vizinhas ao rio, como Santander, TV Globo e escritório Pinheiro Neto Advogados.

A entidade acompanha a iniciativa do governo.

FEDOR

Mais forte em dias quentes, o fedor é culpa do esgoto em decomposição no rio, diz Pedro Mancuso, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP. O odor, afirma, é causado pelo gás sulfídrico.

A exposição ao gás causa dor de cabeça, náuseas e até desmaios. E, dada a lotação da margem do rio, o que não falta é gente no entorno do rio para sofrer. "Naquela região, o cheiro não incomoda apenas quem está ali na beirada; quem trabalha na Berrini, por exemplo, pode até ter dores de cabeça e não associar uma coisa a outra."

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