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Morador resgata mulher e filho soterrados

Menino de 7 anos ficou sob lama e sucatas de veículos levadas por deslizamento de terra na região serrana do Rio

Teresópolis interdita 160 casas e conta 994 desabrigados; criado após tragédia de 2011, alerta sonoro tem falha

MÁRCIO MENASCE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Para o casal Murilo Bragança Júnior, 39, e Cássia Angélica de Oliveira, 33, moradores do morro do Rosário, em Teresópolis, o domingo de Páscoa foi de muita comemoração, após o susto vivido pela família na sexta-feira.

Durante a chuva que deixou cinco mortos e 994 desabrigados, Guilherme, 7, filho do casal, ficou soterrado sob parte de uma encosta e de carros de um ferro-velho e foi resgatado pelo pai. Teve fratura no fêmur e foi obrigado a colocar um pino na perna.

Bragança e Cássia saíram de casa com o menino, a filha Isabela, 9, e a sobrinha Taís, 20, com medo de que o morro atrás do local onde moram desabasse. No caminho, foram surpreendidos por um deslizamento de terra.

"Fiquei uns 30 metros atrás porque tinha perdido o chinelo. Ouvi um barulho e vi um monte de terra e ferragens onde eles estavam. Corri e comecei a gritar o nome de minha mulher", diz Bragança.

"Ela colocou a mão para fora da terra e gritou para eu salvar o Guilherme. Fui cavando com as mãos até conseguir tirá-lo da terra. Ele estava com os olhos arregalados, mas não respirava, nem se mexia. Achei que tivesse perdido meu filho", conta.

Bragança, então, apertou a barriga de Guilherme, que expeliu uma água barrenta com lixo e voltou a respirar. Ele também resgatou a mulher, que teve escoriações. A filha e a sobrinha ficaram com parte do corpo soterrado e foram ajudadas por vizinhos -não ficaram feridas.

"Minha mulher diz que foi Deus quem me fez perder esse chinelo. Se não fosse isso, não teria ninguém para salvar o meu filho. Se tivesse demorado mais de um minuto, ele não teria resistido."

ALERTA SONORO

A Defesa Civil de Teresópolis teve dificuldade para acionar as sirenes de alerta de chuvas durante o temporal.

As sirenes foram instaladas depois que enchentes e deslizamentos de terra mataram mais de 900 em toda a região serrana, em 2011.

Ao ouvi-las, a população deve ir a abrigos indicados pela prefeitura. O secretário de Defesa Civil, coronel Roberto Silva, disse que caiu o sinal de internet 3G pelo qual monitora pluviômetros nas áreas de risco e liga as sirenes, que não têm sistema de acionamento automático.

Após buscar voluntários por celular -sem sinal-, enviou veículos para acionar o sistema de alerta sonoro.

No final, diz, foram acionadas todas as 14 sirenes de locais onde havia risco (o total instalado é de 20). Silva disse que a Defesa Civil começou a implantar internet por fibra ótica e rádio em locais onde o sinal 3G é mais fraco.

Segundo a Defesa Civil, foram 50 ocorrências no temporal, das quais 20 são deslizamentos -160 casas foram interditadas. Os desabrigados foram instalados em quatro escolas e na sede de uma associação de moradores.

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