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Mandarim entra no 'cardápio' dos edifícios Prédios traduzem aviso para morador chinês JOANA CUNHADE SÃO PAULO Vestido com pijama e chinelo de quarto, um chinês de meia idade, que vem da garagem, entra no elevador de seu prédio, onde há um comunicado escrito em mandarim. Quando a porta abre em seu andar, sentem-se indecifráveis aromas de sua culinária e é possível ouvir as vozes de um karaokê. Mas ele não está em uma ruela de Pequim. O cenário é um condomínio a poucas quadras da avenida Paulista, em São Paulo. A crescente imigração de chineses que pouco entendem português começa a despertar em vizinhos brasileiros o desejo de se comunicar e reduzir o choque cultural. Para se adaptar, o síndico de um condomínio que abriga mais de 50 famílias chinesas, resolveu traduzir o regulamento do prédio. "Eles representam mais de 20% dos moradores. Muitos deles explicavam que não entediam os avisos", afirma o síndico Francisco Morales. Na China, há hábito de usar pijama em público. Segundo especialistas, talvez por ser um país tão populoso, a noção de privacidade é tratada de forma distinta. Outros costumes, como pendurar roupas para secar na varanda ou na janela, entretanto, são questionados por vizinhos brasileiros. A imagem é comum em paisagens urbanas chinesas. Mas, para preservar a fachada, aqui os prédios proíbem. "Certas questões podem se adaptar ao costume deles. Outras, não", diz Claudio Bernardes, presidente do Secovi-SP (sindicato da habitação). A empresa de administração imobiliária Lello estuda o caso de um síndico que já pretende contratar um funcionário que fale o idioma. "Muitos trabalham no comércio, em bairros como Bom Retiro, Liberdade e 25 de Março. Mas começam a aparecer em outras regiões", diz Márcia Romão, gerente da Lello. Para o presidente do Secovi, "até pela comunicação restrita, a tendência é que eles se concentrem em determinados edifícios". Na Barra Funda, um condomínio afixou, nas áreas comuns, comunicados com tradução sobre a organização da sala de brinquedos e objetos pessoais esquecidos. No Ipiranga, no prédio de Xu Jie, 19, que chegou de Xangai em 2009, ainda não foi tomada nenhuma medida. "Lá, 10% são chineses. Eu já falo português, mas pode ser bom para os que não falam." Os chineses regularizados no país passaram de 28,5 mil (2009) para 34,6 mil (2011), diz o Ministério da Justiça. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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