Projeto original de viaduto previa atravessar prédio

Em seu projeto original, o Elevado da Perimetral, no centro do Rio de Janeiro, passaria no meio de um edifício, que seria construído para abrigar o Lloyd Brasileiro, companhia de navegação estatal extinta em 1997.

A decisão foi tomada para conciliar dois interesses: a empresa planejava construir o prédio em um terreno próprio, que seria, então, cortado pelo viaduto.

A ideia acabou sendo deixada de lado, mas não foi o único percalço enfrentado pela obra. Seu traçado original previa um túnel sob o mosteiro de São Bento.

O Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), porém, não permitiu a perfuração do morro de mesmo nome, temendo abalos na estrutura da igreja.

A saída foi contornar o morro. Para isso, porém, foi necessário negociar a cessão de um terreno da Marinha para a construção de pilares de sustentação.

A autorização foi condicionada a que a Marinha acompanhasse todos os passos das obras -realizadas durante o período da ditadura militar.

"Tínhamos que usar dinamite na muralha do cais do Distrito Naval para fazer a fundação. Pedi autorização ao comandante do distrito. Ele disse: 'Pede ao pessoal para me trazer como vai ser esse fogo para autorizarmos'. No dia seguinte, mandei um mestre de obras ao gabinete do comandante com seis bananas de dinamite. Quase fui preso", contou o arquiteto Armando Abreu, que participou das negociações com a Marinha. Enquanto o trecho entre o aterro do Flamengo e a avenida presidente Vargas é em concreto armado, a partir deste ponto o elevado é feito em estrutura metálica.

O material foi usado porque a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) tinha dívidas com o Estado, pagas com a estrutura.

"A CSN tinha interesse em difundir o uso dessas estruturas no Brasil. Viram na Perimetral uma forma de propaganda", disse o arquiteto Paulo Roberto Martins Souza, que participou do projeto.