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Corpo é retirado 18 h após PM ser acionada

Policial que atendeu ligação que alertava para presença de carro suspeito na rua chegou a mandar moradora dormir

Depois, guincho tirou veículo do local e deixou mulher morta no chão; comando afirma que vai investigar atendimento

Eduardo Knapp/Folhapress
Funcionários do IML removem corpo de mulher encontrada morta dentro de seu próprio carro em Pirituba (zona norte)
Funcionários do IML removem corpo de mulher encontrada morta dentro de seu próprio carro em Pirituba (zona norte)

AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO

A Polícia Militar foi chamada porque uma moradora desconfiou de um carro parado na rua. Ignorou. Foi chamada de novo porque havia gente dentro do carro. O atendente do 190, então, mandou a denunciante ir dormir.

De manhã, a moradora foi até o carro e viu uma pessoa morta dentro dele. Após a terceira ligação, a PM apareceu.

A lentidão de reação do poder público no caso, ocorrido entre a noite de anteontem e a tarde de ontem em Pirituba, bairro da zona norte de São Paulo, não parou por aí.

A perícia demorou cinco horas para chegar à cena do crime. Acabado o serviço, policiais retiraram o corpo, o colocaram na calçada e um guincho levou o carro embora.

O corpo ficou ali, pois o órgão responsável por removê-lo, o IML (Instituto Médico Legal), estava atrasado -um veículo da PM mantinha os curiosos afastados.

Da primeira ligação à polícia à retirada do corpo passaram-se mais de 18 horas.

Em nota, o comando da PM afirmou que vai investigar se houve falhas no atendimento da ocorrência policial.

A primeira ligação ocorreu às 21h de anteontem. O corpo da autônoma Maria Renata Ferreira Gomes, 32, que levou um tiro na cabeça, só foi retirado às 15h45 de ontem.

A investigação aponta que o crime ocorreu por volta das 22h, quando um homem foi visto saindo agachado de dentro do Toyota Corolla onde estava a vítima e entrando num Cross Fox pela porta traseira -ou seja, depois da primeira ligação da moradora.

O local do assassinato, de acordo com a polícia, foi estrategicamente escolhido.

A rua residencial é um dos pontos de desova de carros do bairro, tem pouco movimento e não tem nenhuma câmera de segurança.

PISTAS

Um detalhe que intrigou os policiais foi que dois carros vistos pelas testemunhas estavam registrados no nome da vítima. O Cross Fox, que saiu logo após o assassinato, não foi encontrado ontem.

A suspeita é de que pelo menos duas pessoas tenham participado do homicídio.

Maria Renata foi morta com um tiro de pistola na cabeça a uma distância de mais ou menos um metro. Como nenhum morador do bairro ouviu o tiro, a polícia suspeita de que um silenciador tenha sido usado na pistola.

Outros pontos chamaram a atenção da polícia: a vítima era investigada desde o ano de 2007 por dois estelionatos; em 2008, ela denunciou um namorado por agressão.

Maria Renata vivia com o filho de dez anos no centro de São Paulo.

Colaboraram EDUARDO KNAPP e LUIZ CARLOS MURAUSKAS

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