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Lugar na fila para obter visto chinês é vendido por R$ 100

Despachantes se oferecem para guardar vaga; espera aumentou desde janeiro, quando órgão mudou regras

Agora, quem ainda está na fila após o horário de atendimento, das 9h às 12h, é dispensado; consulado não comenta

DE SÃO PAULO

Gente com passaporte na mão aguarda do lado de fora a vez de ser atendido em uma fila de 40 pessoas na abafada manhã de sexta-feira. Um homem se oferece para guardar lugar na fila, por R$ 100. A espera para ser atendido chega a duas horas.

Consulado dos EUA? Não, da China. O fenômeno, segundo as pessoas da fila, despachantes e um membro do consulado, têm sido o crescente número de visitantes brasileiros rumo ao país.

O governo chinês, no entanto, não forneceu números oficiais. Os únicos dados são do Ministério do Turismo brasileiro e estão desatualizados -são de 2010, quando houve 41 mil viagens de brasileiros ao país asiático.

A fila é recente, segundo despachantes ouvidos pela Folha. "Tem dia que a fila vai daqui até a casa do Chiquinho Scarpa", diz um taxista do ponto em frente ao consulado, apontando para a esquina da rua Estados Unidos (onde fica o consulado) com a alameda Casa Branca, no Jardim Europa.

A fila é atribuída à mudança das regras pelo órgão: desde janeiro, só é permitido esperar do lado de fora do consulado e não mais dentro.

E quem estiver na fila depois do horário de atendimento (das 9h às 12h, de segunda a sexta) tem de voltar para casa, o que pode significar ter que ficar uma noite a mais em São Paulo se o solicitante for de outra cidade.

A exceção foi na sexta. Funcionários do órgão notaram a presença da reportagem e permitiram a entrada de quem esperava. No dia anterior, a Folha constatou, isso não aconteceu. O consulado não respondeu aos questionamentos da reportagem.

FILA

"Não sabia que a fila ia ser grande assim", diz Alexandra Doana, 40, funcionária pública que viajará a turismo para a China.

Ela chegou às 10h e foi atendida ao meio-dia.

Alexandra diz que o consulado da China foi a experiência mais demorada da preparação para sua viagem à Ásia; ela já havia passado pelos consulados da Índia e da Mongólia, sem filas, diz.

A vantagem no caso chinês é que o visto não demora para sair, segundo funcionários de empresas que aguardavam para dar entrada nos vistos; às vezes, isso acontece de um dia para o outro.

Não é preciso ir pessoalmente. Despachantes (a fila fica cheia deles) fazem o serviço. Foi um deles que ofereceu à Folha a possibilidade de pagar R$ 100 na hora para mediar o pedido do visto. É só entregar os documentos e esperar, disse o rapaz, motoboy que pediu para não ter o nome publicado.

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