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Baixada enfrenta nova onda de violência

Em 7 dias, 6 assassinatos ocorreram na divisa de Santos e São Vicente

Polícia Civil investiga se homicídios são retaliação a morte de policial; 2010 e 2011 tiveram casos parecidos

ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO

Pelo terceiro ano seguido, as cidades de Santos e São Vicente, no litoral sul de São Paulo, enfrentam uma onda de violência com homicídios e ônibus incendiados que são investigados como retaliação pela morte de um policial.

A nova onda de violência começou no dia 10, quando o PM Rui Gonzaga Siqueira, 46, foi morto a tiros quando fazia um "bico" de segurança no Jardim Castelo.

Depois da morte do PM, cinco moradores de bairros da região conhecida como Zona Noroeste, na divisa entre Santos e São Vicente, foram assassinados por homens encapuzados que estavam em motos ou carros escuros.

A vítima mais recente da violência na região foi o estudante Caio Felipe Borges Filgueira, 18. Ele foi morto a tiros no Jardim Castelo, por volta das 3h30 de segunda-feira.

O jovem era filho de Robson Damasceno Figueira, uma das 15 vítimas mortas em Santos na onda de violência de maio de 2006, quando criminosos do PCC (Primeiro Comando da Capital) atacaram as forças de segurança do Estado. Figueira não tinha ligação com o crime organizado.

Para investigadores, os últimos assassinatos podem ter sido cometidos como retaliação pela morte do PM.

Um grupo de extermínio supostamente formado por PMs do 6º Batalhão, o mesmo de Siqueira e que atende a Baixada Santista, é investigado como responsável pelas cinco mortes de moradores.

Há dois anos, em abril de 2010, 22 PMs foram presos sob suspeita de participação em um grupo de extermínio que cometeu 22 assassinatos, isso apenas entre os dias 17 e 26 daquele mês.

As 22 mortes, em Santos, Guarujá, São Vicente e Praia Grande, foram, segundo a investigação, uma vingança pela morte a tiros do PM Paulo Rafael Pires, 27, naquele mesmo mês, no Guarujá.

Há um ano, em abril de 2011, o soldado André Aparecido dos Santos, também do 6º Batalhão, foi preso sob suspeita de circular em um carro preto e atirar contra pedestres em Santos e São Vicente. Na ocasião, nove pessoas foram baleadas e uma morreu.

O delegado Marcos Carneiro Lima, chefe da Polícia Civil, afirmou ontem que a sequência de mortes preocupa a polícia e que medidas especiais -ele diz não poder revelar quais para não atrapalhar as investigações- foram adotadas para descobrir quem são os criminosos.

"A população não pode conviver com a sensação de insegurança. Mas também precisamos que as pessoas denunciem o que sabem sobre todos esses crimes." A Corregedoria da PM informou que fez rondas na região para inibir possíveis retaliações.

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