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Doação de escultura ao parque Mario Covas cria polêmica

Conselheiro de gestão da área da avenida Paulista diz que obra terá cunho político 'em ano de eleição'

Presidente da Fundação Mario Covas, que doou escultura de bronze de cinco metros, afirma que resistência é 'boba'

CRISTINA MORENO DE CASTRO
DE SÃO PAULO

Uma escultura de bronze com 5 metros de altura, de uma figura humana estilizada segurando uma pomba, é alvo de polêmica no parque Mario Covas, na avenida Paulista, centro da cidade.

Isso porque, segundo membros do conselho gestor do parque, a Fundação Mario Covas, que tenta doar essa obra para a prefeitura, pretende deixá-la ancorada em uma pedra com inscrições em homenagem ao governador tucano, morto em 2001.

Eles foram apresentados ao projeto em fevereiro -por cinco votos a um, se posicionaram contrariamente à instalação da obra no parque.

"O que mais pesou na decisão é ser algo de cunho político em um ano de eleição num parque cujo nome já não agrada", diz Jurandir Rodrigues, 52, um dos membros do conselho gestor do parque.

Quando o parque foi anunciado, em 2008, seu nome já foi alvo de polêmica. Ali viveu René Thiollier, patrono da Semana de Arte Moderna de 1922, e nasceu o paisagista Burle Marx. Por isso, entidades tentaram mudar o homenageado junto à Promotoria e à Câmara Municipal.

Segundo Rodrigues, o grupo também achou o tamanho da obra desproporcional para um parque com perfil de praça, com apenas 7.586 m².

O assunto retornará à pauta do conselho na próxima reunião, no dia 26 deste mês, com a presença de membros da Fundação Mario Covas. O conselho diz que manterá a posição contrária à escultura.

O Departamento do Patrimônio Histórico, ligado à Secretaria Municipal de Cultura, ainda discute se a doação será aceita pela prefeitura.

Osvaldo Martins, 72, presidente da Fundação Mario Covas, nega que a escultura seja homenagem ao político. "É uma retribuição ao fato de o prefeito ter dado o nome do parque ao nosso patrono."

De acordo com ele, a escultura é uma réplica da obra "Sonho de Liberdade", de 30 cm, feita pelo artista italiano Domenico Calabrone.

Ele diz que a fundação obteve R$ 400 mil em patrocínios para encomendar o trabalho em tamanho ampliado. Ao contrário do que informou a Secretaria Municipal de Cultura, ele afirma que a doação já foi aceita pela prefeitura.

"Nem acho necessário [ter referência a Mario Covas na placa da escultura]. Mas não chegamos nem a [discutir] esse ponto", diz. "O problema é transformar isso numa guerrinha política pré-eleitoral boba para a qual não damos nenhuma contribuição."

Hoje a fundação só possui um político, diz Martins: Bruno Covas (PSDB), neto de Mario e secretário do Meio Ambiente do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Procurado, ele não quis dar entrevista.

A Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, responsável pelo parque, disse que, "até o momento, nenhuma decisão foi tomada".

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