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Irã defende diplomata suspeito de abuso sexual

Embaixada do país afirma que cada sociedade tem 'valores' específicos

Ministro de Relações Exteriores do Brasil afirmou ontem que, se confirmadas, alegações são inaceitáveis

FLÁVIA FOREQUE
DE BRASÍLIA

A embaixada do Irã defendeu ontem o diplomata Hekmatollah Ghorbani, acusado por pais de ter abusado de quatro meninas num clube de Brasília no fim de semana.

Nota divulgada pela embaixada diz que houve "incompreensão" diante do fato de cada sociedade ter "virtudes e valores" específicos.

"A acusação levantada contra o diplomata iraniano é exclusivamente um mau entendimento decorrente das diferenças nos comportamentos culturais", afirma um trecho.

Segundo relatos dos pais das meninas, que têm entre 9 e 15 anos, ele tocava as partes íntimas das garotas enquanto mergulhava na piscina.

O ministro Antonio Patriota (Relações Exteriores) classificou ontem de "inaceitáveis" as acusações. "São alegações que nós consideramos muito preocupantes, e que eu consideraria inaceitáveis se algum diplomata brasileiro se comportasse dessa maneira."

O ministério encaminhou à embaixada pedido de esclarecimento sobre o caso. Para o Itamaraty, a situação chegou a um ponto "insustentável".

A expectativa é que a embaixada responda de alguma forma ao episódio -encerrando a missão do diplomata no país ou retirando sua imunidade. Se isso acontecer, ele pode responder às acusações na Justiça brasileira.

O caso pode ainda ser encaminhado às autoridades iranianas para a análise do caso de acordo com a legislação do país persa.

Segundo Patriota, a nota encaminhada à embaixada vai "recordar que, segundo a Convenção de Viena, todas as pessoas que gozam de privilégios e imunidades devem respeitar as leis e os regulamentos dos Estados onde estão acreditados".

Em sua nota, a embaixada iraniana criticou ainda a forma como a imprensa brasileira vem abordando o caso. Diz que houve tratamento tendencioso "politicamente".

A Folha apurou que o diplomata pode já ter deixado o país na segunda à noite. Questionada sobre isso, a embaixada do Irã não respondeu.

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