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Monotrilho deve gerar efeito 'minhocão' na vizinhança

Trens da nova linha 17-ouro podem 'sobrevoar' até quadra de futebol de prédio

Piscinas e sacadas de apartamentos de alto padrão na zona sul paulistana ficarão de cara para o percurso

EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO

Um goleiro menos concentrado, naquela hora do pênalti decisivo, poderá tomar o gol por estar distraído com (acredite!) um dos trens do monotrilho da linha 17-ouro.

A composição deve passar a cerca de 14 m de altura da cabeça dos jogadores, praticamente por uma das marcas de escanteio do campo.

A partir de junho de 2014, data prometida pelo governo de São Paulo para entrega da obra, a cena do jogo de futebol será bastante factível.

Ela vai ocorrer em um condomínio de classe média alta no Campo Belo, bairro nobre da zona sul paulistana.

O residencial de três torres, perto do aeroporto de Congonhas, é novo. Nem todas as unidades estão habitadas pelos moradores. Ainda.

"Por incrível que pareça, fiquei sabendo do monotrilho no dia da assembleia de instauração do condomínio", conta Carlos Eduardo Bernardini, advogado do escritório Gasparini, De Cresci e Nogueira de Lima. Segundo ele, dono de uma unidade no prédio, no momento pré-venda ninguém da construtora alertou os compradores sobre o projeto. O advogado diz que, por causa do monotrilho, vários moradores colocaram os apartamentos à venda.

O receio é que o imóvel acabe sendo desvalorizado. Mas o impacto negativo da linha 17-ouro não está restrito ao condomínio que deverá ter a quadra triscada pelo trem.

No trajeto entre a avenida Jornalista Roberto Marinho e o aeroporto, dois postos de gasolina e uma tradicional loja de sapatos da região vão sumir do mapa -a obra é considerada de interesse público, portanto as desapropriações são compulsórias.

Ali perto, um espaço tradicional de lazer da comunidade, com quadras poliesportivas e pista de skate, construído dentro do piscinão da Água Espraiada, também vai ser totalmente destruído.

"É um pena", diz Christian Madrigal, 38, fotógrafo, que costuma usar a pista de skate com o filho. "Temos poucas pistas aqui na região. É uma área enorme. Daria para fazer a obra e manter esse espaço de lazer", afirma.

O terreno do piscinão será usado pelo governo para a montagem do pátio de manobras dos trens do monotrilho.

Ao longo da Roberto Marinho, o trajeto dos trens vai passar ainda por volta de 100 m de sacadas e áreas de lazer, com piscinas, de dezenas de prédios de alto padrão. Unidades que custam de R$ 2 milhões a 4 milhões. A maioria delas está em construção.

Corretores de imóveis que trabalham na área dizem que a maioria dos potenciais compradores não gostam da ideia de ver um monotrilho passando na frente das sacadas.

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