Texto Anterior
|
Próximo Texto
| Índice | Comunicar Erros
Gilmar Mendes faz ressalvas a cotas raciais Apesar de favorável à política de reserva de vagas, ministro chama a atenção para eventuais distorções de sistema da UnB Depois de dois dias de julgamento da ação proposta pelo DEM, sessão foi encerrada sob sonoros aplausos DE BRASÍLIAO ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes votou a favor das cotas, mas foi o único a fazer críticas ao sistema adotado pela UnB. Mendes afirmou que o critério racial não é o melhor para definir quem deve ser beneficiado pela reserva de vagas e que um modelo incluindo a renda seria mais apropriado. Ele citou "distorções e perversões" que poderiam ser geradas pela atual política. Entre elas, a possibilidade de um aluno negro e rico, que sempre estudou em escola particular, entrar na universidade por cotas, enquanto um pobre, porém branco, não. Mendes disse que suas críticas eram apenas um "registro" e ressalvou que a existência de falhas é natural, porque a UnB adotou a política afirmativa de forma pioneira. O clima entre os ministros era tranquilo, apesar da briga ocorrida na semana anterior entre Joaquim Barbosa e Cezar Peluso. Após uma entrevista em que Peluso chamou Barbosa de "inseguro", o ministro, que é negro, disse ser vítima de racismo no tribunal. A calmaria do julgamento só foi quebrada quando Araju Sepeti, índio guarani que assistia à sessão no plenário, começou a se manifestar em voz alta durante o voto de Luiz Fux, o que é proibido. "Igualdade é para todos, não é só para um", gritava, reclamando da ausência de menções aos indígenas nas falas dos ministros. Mesmo após ser advertido pelo presidente Carlos Ayres Britto, Sepeti continuou a falar alto. Britto mandou, então, que os seguranças o expulsassem. Ele resistiu e foi arrastado para fora do plenário. Como aplaudir não é permitido no Supremo, cada voto era comemorado pelos presentes com um sinal equivalente ao utilizado pelos deficientes auditivos, em que as mãos são erguidas e movimentadas como chocalhos. Ao final da sessão, sonoros aplausos foram ouvidos, principalmente após a emocionada fala do ministro Ayres Britto. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |