Vizinhos ilustres reforçam corrente em prol da Virada

Existe uma turma de moradores do centro de São Paulo que é totalmente pró-Virada. Gente que tem a vantagem de, depois de curtir shows madrugada adentro, não se preocupa em encarrar o metrô lotadíssimo ou sair correndo atrás de um táxi.

Morador do Copan, o estilista Walério Araújo é um dos que dá sinal verde à Virada. "Acho ótimo. Principalmente essa preocupação de revitalizar o centro, de trazer o povo para cá", diz ele.

Uma apresentação marcante para o estilista foi a de Sidney Magal, em 2010, que levou o Arouche ao delírio. "É muito legal ter os palcos com artistas ecléticos. Há espaço para todo mundo: clássico, pop... Tem pra todos."

Mas, Walério, você não se cansa com tanta gente transitando em frente a sua casa? "Que nada! Por mim, poderiam montar um palco na frente da minha loja" -além do apartamento, Walério também ocupa um ponto comercial no próprio Copan.

O chef de cozinha Olivier Anquier, outro morador do centro, conta que aproveita a festa para conhecer novos estilos. "Uma vez rolou debaixo da minha janela um baita apresentação de hip hop", diz. "Isso não é da minha geração, não é meu mundo, mas foi sensacional. Eu nunca tinha visto na minha vida."

Sobre o possível incômodo de a festa acontecer na porta de seu prédio, ele afirma: "Se fosse todo dia eu até poderia concordar, mas acontece uma vez por ano. É um grande evento. Seria egoísmo da minha parte achar que isso está me incomodando."

O músico Supla é outro habitante do centro e simpatizante da Virada. Neste ano, a banda que ele divide com o irmão, João, Brothers of Brazil, vai tocar no palco montado na al. Barão de Limeira.

Para Supla, o problema do centro de São Paulo não é a Virada. "A cidade está imunda. Tem pessoas abandonadas. O centro está largado."

Na tentativa de melhorar a limpeza na Virada, a prefeitura diz que adotará um sistema "mais ágil", com mais lixeiras, que serão esvaziadas com mais frequência.