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Antenor de Lara Campos Filho (1924-2012)

Pichou 'CÃO FILA K26' pelo país

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

"CÃO FILA K26" era uma enigmática e onipresente frase escrita em muros, placas e barrancos de todo o país durante os anos 60 e 70. O autor da pichação chamava-se Antenor de Lara Campos Filho.

Tozinho, como o conheciam, foi filho de um grande exportador de café. Nos últimos 60 anos, viveu confortavelmente numa ilha que herdou da mãe, na represa Billings, na Grande São Paulo. Lá, criou seus cães da raça fila.

Para promover o negócio, saía numa caminhonete carregada de tintas. Até em Manaus deixou sua marca. O "K" referia-se ao km da estrada do Alvarenga onde morava.

Durante a ditadura, chegaram a achar que a inscrição era uma mensagem política. Foi a uma rádio negar, em entrevista, e aproveitou para declarar seu apoio ao regime.

Nunca foi preso e até ganhou um prêmio internacional de propaganda por ter desenvolvido uma nova mídia.

Ecologista nato, como conta a família, montou a Associação de Criadores de Fila Brasileiro. Brincava que queria tornar a raça tão popular no Brasil quanto a banana.

O excêntrico pioneiro da pichação no país foi também campeão de halterofilismo, motonáutica e esqui aquático, baterista e pistonista.

Como lembra o sobrinho Nelson, o tio usava dois palavrões a cada três palavras que dizia. Às vezes era até rude, mas muito leal aos amigos.

Foi solteiro e não teve filhos, embora tenha sido mulherengo. Atualmente, tinha 15 cães fila -chegou a ter 200.

Morreu no domingo (29), aos 87, de falência de órgãos. A missa do sétimo dia será na segunda, às 12h45, na igreja Nossa Senhora do Brasil, SP.

coluna.obituario@uol.com.br

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