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Sem paixão, por favor Bares e restaurantes de Campinas adotam estratégias para esfriar o clima entre namorados e evitar beijos no estabelecimento NATÁLIA CANCIANDE SÃO PAULO Num bar em Campinas, o clima romântico de um casal de namorados é interrompido pelo garçom, que entrega a eles um cartãozinho. O papel, decorado com um coração, diz que o bar ficou feliz em "proporcionar o clima ideal" para que os dois "ficassem assim tão empolgados um com o outro". Mas, em seguida, o texto pede que o casal "ajude empolgando-se com moderação para que os clientes mais conservadores não fiquem constrangidos". Em outro estabelecimento, também os garçons entram em cena como anticupidos. Ao perceberem a possibilidade de beijos mais acalorados, os funcionários correm para passar um pano na mesa ou oferecer um drinque para quebrar o clima. A estratégia adotada pelos comerciantes de Campinas (93 km de SP) foi motivo de abertura de boletim de ocorrência e pode acabar em processo judicial. No Empório do Nono, onde os namorados receberam o cartão impeditivo, o ator Alexandre Caetano, 40, viu seus direitos serem feridos no final de março. "Nós nos beijamos e pedimos um chope. Não foi nada escandaloso, foi um beijo tranquilo. Em determinado momento, o garçom veio, deixou um cartão fechado, saiu e não falou nada. A princípio, [o bilhete] parece ser algo bacana. Mas, na hora que abre, é muito constrangedor", diz. O dono do local, Júnior Pattaro, 43, diz que teve a ideia há cerca de seis anos, em uma festa junina. Segundo ele, o objetivo é preservar o "ambiente familiar" por meio de uma "abordagem discreta". "A gente sabe onde um beijo começa, mas nunca onde termina", afirma. "Se eu tivesse que escolher um espaço para beijar a minha mulher, não seria o Empório." Segundo ele, a maior parte dos clientes conhece as regras e leva na brincadeira. "Se estiver dando só um selinho, não vai ganhar um cartão", diz Pattaro. Na Catedral do Chopp, onde os garçons passam um pano na mesa para chamar a atenção do casal, a medida, segundo o gerente José Bichega, só é usada apenas quando o casal "começa a se exceder, a puxar a cadeira, a passar a mão em outros lugares". No Giovanetti, fundado há 75 anos, o garçom Genilson Urcino diz que chama a atenção com cuidado. "Geralmente a gente fala: 'Dá para vocês pegarem um pouquinho mais leve no beijo?'." Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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