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Análise

Segurança de ciclistas não depende só das multas

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE SÃO PAULO

A multa a ser aplicada aos motoristas que colocarem os ciclistas em risco irá aumentar a segurança no trânsito ou apenas a arrecadação da Prefeitura de São Paulo?

Não há dúvidas quanto aos cofres públicos, já na questão segurança...

Cidades bem mais amigáveis para os ciclistas, como Amsterdã ou Copenhague, sabem que é muito difícil a convivência entre pessoas em quatro rodas e outras com duas.

Por isso, tentam sempre que possível separá-las.

Constroem ciclovias exclusivas, com sinais próprios de trânsito, ou vetam os carros em determinadas ruas.

Com isso, dão real segurança aos ciclistas e, outro ponto importante, fazem com que se sintam seguros, o que acaba funcionando como estímulo ao uso das bicicletas.

A soma de motivos geográficos (excesso de subidas) com a falta de segurança faz com que poucos ainda vejam as bicicletas como meio de transporte em São Paulo.

Um estudo realizado pelo Metrô revelou que menos de 1% das viagens na capital paulista são feitas com as "bikes". A grande maioria na periferia.

Em Amsterdã, esse número chega a 40%.

A cidade é considerada a mais segura no mundo para pedalar, e é possível também ir quase sem riscos para municípios vizinhos. Não à toa, a Holanda tem mais bicicletas que habitantes.

Muitas outras cidades preferem apenas pintar faixas nas ruas e destiná-las às bicicletas, sem uma separação por muros ou canteiros.

O que pode parecer uma vantagem, às vezes não é.

Estudos feitos por universidades do Reino Unido constataram que os motoristas tendem a manter os carros mais próximos das bicicletas quando elas estão nessas ciclofaixas.

Outro ponto contestado por pesquisas se refere ao uso de capacetes.

Uma delas, também britânica, mostrou que motoristas se aproximam mais dos ciclistas com capacete do que daqueles que pedalam sem.

É possível inferir a razão: sem capacete e sem faixas demarcadas, os ciclistas parecem mais frágeis aos olhos dos motoristas, que, civilizados, se veem na obrigação de prestar mais atenção neles.

Com ou sem multa.

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