Grupo transferiu 6 apartamentos para diretor e obteve benefícios

Um grupo empresarial transferiu em 2010 seis apartamentos próximos ao parque Ibirapuera para o nome da SB4, de Hussain Aref Saab, à época chefe do setor responsável por aprovar obras de médio e grande porte na cidade de São Paulo. Depois disso, empresas do mesmo grupo conseguiram liberações de alvarás na prefeitura.

A Servcenter, que integra o grupo, registrou o repasse dos imóveis para a empresa de Aref em novembro de 2010 como pagamento por "prestação de serviços de assessoria empresarial" ocorrida em 2006. O problema é que a SB4 de Aref só foi criada em 2008.

Em dezembro de 2010, um mês depois da transferência dos apartamentos, o centro de convenções do WTC, do mesmo grupo, obteve a renovação de seu alvará de funcionamento na marginal Pinheiros -o processo estava parado havia mais de um ano.

Já em fevereiro de 2011, outra empresa do grupo, a Servlease, obteve o alvará de reforma de um salão de eventos nos Jardins, zona oeste. A aprovação saiu em cerca de um mês -o procedimento costuma levar vários meses.

Aref é investigado pela Corregedoria-Geral do Município a pedido do prefeito Gilberto Kassab (PSD). Ele pediu demissão no mês passado.

O Ministério Público também apura sua evolução patrimonial. Conforme revelado pelo "TV Folha" no domingo passado, Aref adquiriu 106 imóveis nos sete anos (2005 a 2012) em que comandou o setor que libera empreendimentos de médio e grande porte, chamado Aprov.

O ex-diretor nega irregularidades. Ele não comentou a transferência dos seis apartamentos para a sua empresa em troca de serviços prestados antes que ela fosse aberta. Segundo disse Aref à Corregedoria, a finalidade da empresa era apenas gerenciar seus próprios imóveis.

O grupo que fez a transferência dos imóveis afirmou que a transação não tem relação com a liberação dos alvarás que o beneficiaram.

Aref foi nomeado para o cargo pelo então prefeito José Serra (PSDB) por indicação de Kassab, que em 2005 era vice-prefeito de São Paulo.

Os seis imóveis -um andar inteiro com vista para o parque- valem hoje cerca de R$ 4 milhões no mercado.

O alvará do centro de convenções do WTC foi dado via Contru, setor que aprova locais de eventos. Informada pela Folha, a Corregedoria pediu os processos do caso a fim de saber se Aref tinha influência também sobre o Contru. O outro alvará foi dado diretamente pelo Aprov. Tanto Contru quanto Aprov são setores da Secretaria da Habitação.