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Empresa despeja esgoto em rio que é afluente do Pantanal

Ao menos 60 milhões de litros foram jogados no rio Vermelho, em MT; mancha tem 47 km de extensão

Laudo com a extensão do dano ambiental deve ficar pronto em 20 dias; água na região não deve ser consumida

JEAN-PHILIP STRUCK
DE SÃO PAULO
DANIELLY TONIN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM RONDONÓPOLIS (MT)

Uma mancha escura e fétida está tomando a superfície do rio Vermelho em Rondonópolis, Mato Grosso. Tudo porque a empresa responsável pelo saneamento local despejou ao menos 60 milhões de litros de esgoto no rio, um afluente de outros que chegam ao Pantanal.

O desastre, classificado como crime ambiental pela Polícia Civil, resultou em uma multa de ao menos R$ 10 milhões para o Sanear (serviço municipal de saneamento).

Um engenheiro ambiental da empresa chegou a ser preso em flagrante, mas foi liberado no dia seguinte. Anteontem, três dirigentes da empresa, incluindo a diretora-geral e o diretor técnico, foram exonerados dos cargos.

A Sema (Secretaria Estadual do Meio Ambiente) diz que o despejo ocorreu entre 3 e 10 de maio, mesmo após a pasta e o Ministério Público pedirem para a empresa interromper o procedimento.

A mancha provocada pelo esgoto tem 47 km de extensão, e, segundo a Sema, já atinge outro rio, o São Lourenço, que chega até a região do Pantanal.

Próximo a Rondonópolis, é possível ver peixes mortos cobertos de sujeira nas margens dos rios e espuma mal cheirosa na água.

As populações ribeirinhas foram orientadas a não consumir peixe nem as águas do rio nos próximos 120 dias.

O volume dos primeiros dias de despejo é equivalente ao conteúdo de 24 piscinas olímpicas. Mas, segundo a Sema, a quantidade de sujeira é maior, já que a estimativa não inclui todos os dias em que o esgoto foi despejado.

Um laudo sobre a extensão dos danos ambientais deve ficar pronto em 20 dias.

Nos dias que se seguiram às denúncias, a diretora-geral do Sanear, Terezinha Souza Silva, e o diretor técnico, Julio Goulart, foram procurados pela polícia, que pretendia realizar prisão em flagrante. Eles não chegaram a ser presos e classificaram o episódio como um "acidente".

O então prefeito José Carlos do Pátio (PMDB) negou crime ambiental. Ele teve o mandato cassado e o presidente da Câmara, Ananias Filho (PR), que assumiu em seu lugar disse estar à disposição da polícia e do Ministério Público para punir os culpados.

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