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Rio usa Força Nacional em ação para combater crack

Tropa não tem data para deixar morro

Secretário diz que polícia participou de ação a fim de abrir caminho para que assistentes sociais chegassem ao local

Ninguém foi preso e 101 pessoas foram levadas para abrigos; barracos onde moravam usuários foram destruídos

Felipe Dana/Associated Press
Moradores do morro Santo Amaro caminham no meio de policiais armados
Moradores do morro Santo Amaro caminham no meio de policiais armados

DIANA BRITO
DO RIO

A Força Nacional de Segurança Pública participou, pela primeira vez desde a sua criação, em 2004, de uma ação de combate ao crack.

Cerca de 150 homens da Força Nacional, além de policiais civis e militares, ocuparam ontem o morro Santo Amaro, no Catete, na zona sul do Rio. A tropa ficará ali por tempo indeterminado.

Barracos e cabanas de tecido, onde moravam os viciados, foram destruídos.

No total, 89 adultos e 12 adolescentes foram levados a abrigos da prefeitura para receber atendimento. No início da noite, alguns já circulavam na praça da Cruz Vermelha, localizada numa área decadente do centro da cidade.

Diferentemente do que aconteceu em São Paulo, na operação do Rio ninguém foi preso. O objetivo da participação da polícia, disse o secretário municipal de Assistência Social do Rio, Rodrigo Bethlem, era abrir caminho para que assistentes sociais, psicólogos e educadores pudessem chegar ao alto do morro, onde se concentravam os usuários da droga.

A participação policial em ações de combate às drogas foi duramente criticada pelo PT na época em que a PM ocupou a cracolândia em São Paulo.

"É uma ação marcada pela repressão, o que contradiz o discurso oficial de que o problema seria tratado como questão de saúde pública", afirmou, em janeiro, o então ministro Fernando Haddad, hoje pré-candidato à Prefeitura de São Paulo.

PROJETO-PILOTO

A secretária nacional de Segurança Pública, Regina Miki, afirmou ontem que, por enquanto, a ocupação deve ficar restrita ao morro Santo Amaro, escolhido para sediar o projeto-piloto de combate ao crack. "O que está sendo feito aqui não será necessariamente reproduzido em todo o país", disse.

Sem entrar em detalhes, Miki diz ainda que já existe previsão de implantar o mesmo projeto em São Paulo e já há negociações com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito Gilberto Kassab (PSD).

O morro Santo Amaro tem uma das 17 cracolândias apontadas pela Secretaria Municipal de Assistência. A prefeitura realiza ações sociais de combate ao crack nessas áreas há um ano.

Na operação de ontem, assistentes sociais e psicólogos conversavam com usuários para convencê-los a entrar no ônibus que os levaria para abrigos. Alguns precisaram ser carregados pelos profissionais porque não aguentavam ficar em pé.

Nos próximos dias, ao menos 200 assistentes sociais, psicólogos e educadores prestarão atendimento em contêineres instalados ontem na favela. Eles oferecerão aos moradores serviços como encaminhamento para tratamento e acompanhamento de dependentes químicos.

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