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Ciclista faz manobra ilegal por segurança No semáforo, é fácil ver as bicicletas 'arrancarem' ainda no vermelho Especialista afirma que saída para reduzir os acidentes passa pela criação de um sinal exclusivo de bikes VANESSA CORREADE SÃO PAULO O semáforo fecha, e o ciclista não pensa duas vezes: pega o corredor entre os carros longe da calçada e se posiciona em frente a eles, invadindo a faixa de pedestres. Antes de o sinal abrir, ainda com os carros parados, ele sai pedalando. A cena, comum em São Paulo, contém três infrações de trânsito, mas é vista pelos ciclistas como uma estratégia para se manter seguro em cidades feitas para os carros. A ideia é conseguir ganhar velocidade antes de os veículos partirem do "grid de largada", dizem os ciclistas. "É muito mais seguro estar a uns 25 km/h quando essa manada [de carros] encontrar você", diz a cicloativista Renata Falzoni. A medida também evita motoristas irritados, tirando as perigosas "finas educativas". A expressão, jargão entre quem pedala, se refere à manobra de motoristas que querem intimidar o ciclista que "ousa" andar na via. "Em país sério, nas ruas, a primeira vaga de carro à direita fica reservada para os ciclistas pararem. Em São Paulo, tudo é improviso porque a cidade não pensa na bike", diz Cléber Ricci Anderson, que produziu o manual de segurança "Bike na Rua". Apesar do risco, segundo a CET, não é proibido às bicicletas trafegarem entre os carros, desde que elas fiquem sempre ao lado da calçada. Outra infração comum é circular pedalando pela calçada (a lei só permite se o ciclista estiver fora da bike) quando a via é perigosa. "Vou na calçada sem pudor. Na da Rebouças, por exemplo, quase não tem pedestre e a avenida é violenta", diz Aline Cavalcante, que vai e volta do trabalho todos os dias de bicicleta. SEM ESFORÇO O ciclista, pela legislação, também deve circular sempre na mesma mão dos carros. Mas há situações em que as bikes ignoram a norma, não pela segurança, mas para evitar o esforço físico. "A bicicleta é movida a energia humana. Tem situação que, se você não pega a contramão, vai ter que pedalar quatro quarteirões a mais", explica Aline. Para reduzir o número de acidentes entre ciclistas e os demais veículos, Alexandre Delijaicov, especialista em trânsito da USP, recomenda a regulagem dos semáforos, que deve levar em conta também a bicicleta. "Que precisa ter o seu próprio tempo", explica ele. Para o especialista, enquanto o sistema de ciclovias da cidade não for suficiente, algumas calçadas também poderiam ser liberadas para os ciclistas, de forma totalmente excepcional. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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