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Análise

Na violência sexual, silêncio é a atitude mais comum

ROSELY SAYÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Quando o assunto é bullying, fazemos o maior barulho. Reportagens, colunas, palestras, orientações, conselhos, livros e mais livros.

Acreditamos que, adquirindo muita informação a esse respeito, nossos filhos ficarão mais seguros. Já quando o assunto é violência sexual contra crianças e adolescentes... silêncio é o que fazemos.

O constrangimento que sentimos em relação a essa situação é tamanho que preferimos ignorar o assunto ou, pelo menos, encontrar boas justificativas para isso.

Acreditar, por exemplo, que esse é um fato que não atinge famílias como a que pertencemos costuma ser uma delas.

Acontece. Em todo tipo de família, de todas as classes sociais, com crianças de todas as idades. E mais: em geral, são pessoas próximas, bem próximas à família que praticam tais atos.

Tios, avós, amigos íntimos da família, padrastos, vizinhos que partilham da intimidade da casa etc. São esses, entre outros, os personagens principais, segundo os estudos apontam, dos abusos sexuais contra os mais novos.

É um caso bem sério esse, principalmente quando nos lembramos de duas características de nosso mundo.

A primeira: os mais novos estão eroticamente hiperestimulados. Acham "normal" as cenas a que assistem nos canais de TV, as fotos que veem nas revistas e nos sites. Podem achar "normal" viver uma experiência desse tipo, portanto.

A segunda: nos tempos atuais, crianças e jovens não sabem mais que têm direito à intimidade. Aliás, eles nem sabem o que é isso.

Nos canais abertos, em horários que as crianças estão expostas à TV, há uma explosão de "reality shows". Eles não sabem, portanto, o que é intimidade.

Temos muitos motivos para não permanecer em silêncio quanto a assunto tão importante. Nossa questão é saber tratar do tema com a delicadeza que ele exige.

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