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Número de arrastões explode em São Paulo

De janeiro até ontem, foram 13 ocorrências, a mesma quantidade de 2011, de acordo com dados da Polícia Civil

Agora, bandidos atacam até prédios sem muitos 'atrativos'; delegado detecta mudança de perfil dos assaltantes

AFONSO BENITES
ROGÉRIO PAGNAN
DE SÃO PAULO

A cada 11 dias um condomínio residencial é vítima de um arrastão em São Paulo.

Dados da Polícia Civil mostram que houve uma explosão de casos neste ano.

De 1º de janeiro até ontem, foram 13 arrastões, a mesma quantidade de ocorrências de todo o ano passado -até ontem, a Secretaria da Segurança contabilizava 12 casos em 2011, mas, após refazer os cálculos, concluiu ter havido 13.

Mantida a média, 2012 pode bater o recorde de 2010, quando houve 24 casos.

A incidência do crime pressiona o governo, tanto que se viu obrigado a criar uma delegacia especializada em investigar arrastões três anos atrás.

Para o delegado Mauro Fachini, o aumento ocorre porque "quadrilhas despreparadas entraram no mercado".

"São viciados em drogas que não têm muito preparo e agem em qualquer lugar só para conseguir um dinheiro para sustentar suas festas e seus vícios", afirmou.

Conforme o policial, uma "quadrilha despreparada" atuou em quatro casos neste ano. Nos outros nove, eram ladrões especializados. Parte dos bandidos foi presa.

Para agir, quadrilhas costumam contar com a colaboração de alguém que conhece a rotina do prédio ou de ao menos um de seus moradores.

Em alguns casos até filhos de moradores que tinham dívidas com traficantes de drogas acabaram ajudando os criminosos, conforme constatou o Ministério Público.

Nesses casos, segundo a apuração dos promotores do Gaeco (grupo que investiga o crime organizado), os filhos dos proprietários deram dicas e facilitaram a entrada dos ladrões no prédio em troca da quitação das dívidas.

As investigações mostraram ainda que esses bandidos tinham ligação com a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).

Um fato que vem chamando a atenção dos investigadores é a mudança do perfil do tipo de prédio assaltado na cidade de São Paulo. Antes, apenas condomínios de alto padrão eram roubados. Agora, não há distinção. O fenômeno se deve, em boa parte, às "quadrilhas despreparadas".

Na terça-feira passada, por exemplo, os ladrões roubaram um dos prédios mais antigos da avenida Lacerda Franco, na Aclimação (zona sul). Um edifício de classe média com 16 andares e, aparentemente, sem nenhum atrativo para os criminosos.

"Apesar de nem todos os ladrões serem profissionais, eles têm informação de pelo menos um apartamento específico. Quando entram no prédio, não querem perder a viagem e aproveitam para roubar outros moradores", afirmou o delegado Fachini.

No arrastão da Aclimação, até um cão da raça staffordshire foi levado. "Viram o cachorro e disseram que ele era 'da hora' e iam levá-lo", disse o personal trainer Cristiano Maffra, 34, dono do animal e morador do prédio assaltado.

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