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Área nobre, Itaim Bibi concentra empreendimentos 'trava-trânsito'

Distrito recebeu 72 dos 677 polos geradores de tráfego, mostra levantamento com dados desde 1995

Das 10 regiões que mais receberam construções, metade está na zona oeste e metade se divide entre sul e centro

Joel Silva/Folhapress
Veículos próximos ao shopping JK Iguatemi, no Itaim Bibi
Veículos próximos ao shopping JK Iguatemi, no Itaim Bibi

CRISTINA MORENO DE CASTRO
DE SÃO PAULO

Há pelo menos 30 novas construções nas redondezas da rua Tabapuã, calcula o zelador Pedro Queiroz, 47, morador da via desde 1995. Seu prédio, de dez andares, agora ficou "baixinho" perto dos espigões construídos ao lado, atrás e em frente.

A consequência direta disso, explica ele, foi no trânsito. Antes já conturbado, agora está cada vez pior, diz. "Levo 40 minutos para ir ao mercado, a quatro quarteirões. Quando me mudei, fazia em 10, em qualquer horário."

O prédio fica no Itaim Bibi, área nobre da zona oeste e o distrito que mais recebeu empreendimentos que provocam congestionamentos na cidade, segundo levantamento inédito feito pela Folha.

Foram 72 de um total de 677 na cidade. A maioria (60%) foi de prédios de escritórios com mais de 120 vagas de garagem.

A pesquisa foi feita a partir de documentos gerados desde 2005 pela Secretaria Municipal de Transportes, que estão sendo analisados pelo Ministério Público.

Considera os chamados polos geradores de tráfego -escritórios, faculdades, hospitais, igrejas e shoppings, por exemplo. Resumindo: eles são grandes, atraem muita gente e seus carros e, consequentemente, travam o trânsito da região.

Para que recebam autorização para funcionar, a secretaria exige que façam obras para compensar esse impacto.

Um exemplo recente é o shopping JK Iguatemi, ali mesmo no Itaim. O empreendimento, de R$ 322,3 milhões e 7.700 vagas de garagem, está proibido de abrir até que conclua as obras viárias exigidas.

ZONA OESTE

No período de sete anos da pesquisa, 677 desses empreendimentos foram construídos ou ganharam "puxadinhos". Há ainda alguns em construção, como o estádio de Itaquera (zona leste).

Entre os dez distritos que mais receberam essas construções, metade está na região oeste: Barra Funda, Vila Leopoldina, Pinheiros e Morumbi, além do Itaim.

A outra metade se divide entre a zona sul (Santo Amaro, Vila Mariana e Campo Grande) e o centro (Bela Vista e Consolação).

Já os bairros mais afastados pouco receberam os benefícios -e transtornos- desse tipo de investimento.

"É preciso resgatar a ideia de desenvolver os subcentros da cidade, como Santo Amaro, Penha e Santana, pois mais de 85% dos motivos de deslocamento são emprego e escola. Essas atividades ficaram concentradas no centro expandido, que já estava saturado", diz Flamínio Fichmann, urbanista especialista em trânsito.

SEM METRÔ

O destaque para o Itaim se deu por três razões principais, dizem especialistas: o incentivo para desenvolver a região facilitado pela operação urbana Faria Lima (de 1995); a presença de lotes grandes, onde havia galpões e indústrias, que deram lugar a grandes prédios; e o fato de o bairro ter um mercado consumidor de renda e escolaridade acima da média.

Thiago Guimarães, especialista em mobilidade, aponta a inexistência do metrô na região como um agravante para o caos no trânsito. "Que pelo menos façam transporte coletivo paralelamente e olhem alternativas para chegar de ônibus mais rápido."

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