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Quadrilha com adolescentes faz arrastão em restaurante

Após mais um caso, chefe da polícia paulista pede pena maior para jovens

Juiz critica proposta de delegado-geral; invasão de pizzaria Bráz, em Higienópolis, é o 11° caso ocorrido no ano

AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO

Dois homens adultos e outros quatro adolescentes, segundo a polícia, fizeram um arrastão num restaurante de Higienópolis, bairro nobre do centro paulistano, anteontem.

Foi o 11º caso do ano na cidade -o sexto em que há indícios de participação de menores de 18 anos. As vítimas da vez foram cerca de 30 clientes que jantavam por volta das 23h30, na pizzaria Bráz.

Questionado ontem sobre o aumento desse tipo de crime, o chefe da Polícia Civil paulista, Marcos Carneiro Lima, alegou que a participação de adolescentes nas quadrilhas dificulta a punição. Diante disso, defendeu o endurecimento das penas para infratores menores de 18 anos.

"A lei dá ao jovem uma sensação de impunidade. Por isso, acho que a pena para ele deveria ser mais dura. Por exemplo, se um adulto pega até 30 anos por latrocínio [roubo seguido de morte], o adolescente poderia pegar 15", afirmou o policial.

Para ele, o ideal era que o infrator ficasse até os 18 anos numa unidade da Fundação Casa e, quando completasse a maioridade penal, seria transferido para um presídio comum. "O jovem tem de entender que o crime não compensa", disse Carneiro Lima.

Na opinião do juiz Eduardo Rezende Melo, que atua há 20 anos na área da infância e juventude em São Paulo, a proposta é inadequada.

"O que deveria ser feito é punir os adultos que levam os jovens para o crime por corrupção de menores. Mas é raro ver um delegado ou um promotor denunciar esse adulto por isso", afirmou.

Para o magistrado, o correto é investir na educação do jovem e não em sua punição.

AGRESSÃO

O arrastão de domingo durou entre cinco e dez minutos. A pizzaria em que os clientes foram assaltados fica a 160 passos de distância, ou dois minutos caminhando, do batalhão da Polícia Militar da avenida Angélica.

Segundo três vítimas ouvidas pela Folha, enquanto dois homens apontavam as armas para os quase 30 clientes, quatro jovens recolhiam seus pertences: joias, relógios e R$ 3.480 em dinheiro, celulares, entre outros itens.

Um homem negro foi xingado, levou chutes e uma coronhada porque os ladrões acharam que ele era policial.

A polícia foi acionada por um cliente que estava no banheiro e percebeu que estava acontecendo um arrastão. O restaurante não possui seguranças nem circuito de vigilância. Agora, investigadores buscam imagens de câmeras de prédios vizinhos para identificar os criminosos e os dois carros usados na fuga.

A polícia suspeita de que a gangue que agiu ontem é a mesma que assaltou o restaurante Emiglia, em Pinheiros, na zona oeste, em 9 de maio.

"São pessoas que acabam usando o dinheiro do crime para comprar drogas e se divertir", disse Carneiro Lima.

Sobre o crime ter ocorrido a poucos metros de um quartel da PM, o capitão Genivaldo Antônio argumentou que a localização de uma base "não inibe os criminosos".

"Eles estudaram a região. Aqui do quartel não dá para ver o restaurante", disse.

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