Índice geral Cotidiano
Cotidiano
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.

PMs são presos suspeitos de tortura e morte

Segundo testemunha, três policiais da Rota agrediram e atiraram em um suspeito que já estava rendido

Caso ocorreu logo após suposto tiroteio em estacionamento onde outros cinco suspeitos foram assassinados

AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO
JOSMAR JOZINO
DO “AGORA”

Três policiais da Rota, considerada a tropa de elite da PM paulista, foram presos ontem sob a suspeita de terem torturado e matado um homem que fora detido após um tiroteio na Penha, bairro da zona leste de São Paulo.

A ação que resultou nessa morte começou às 21h de anteontem, quando os policiais chegaram a um estacionamento onde, segundo uma denúncia anônima, um grupo planejava o resgate de um chefe da facção PCC (Primeiro Comando da Capital).

Esse criminoso seria transferido ontem de uma prisão no Belém (zona leste de SP) para Presidente Venceslau (611 km de SP).

Segundo a polícia, os PMs foram recebidos a tiros quando chegaram ao estacionamento. Eles reagiram e acertaram seis homens. Cinco pessoas fugiram. Outras três foram presas. Nenhum policial ficou ferido na ação.

Após as prisões e a apreensão de armas e drogas, os feridos foram encaminhados para prontos-socorros da região. No entanto, o carro oficial 91181, onde estavam o sargento Nogueira e os soldados Cosmelevi e Aparecido, desviou o caminho. Foram esses policiais, segundo as investigações, que mataram o suspeito. Esse homem não teve o nome divulgado.

Os investigadores chegaram a essa conclusão porque uma testemunha viu os policiais agredirem o homem na rodovia Ayrton Senna, ligou para a central da PM e relatou o fato. Durante a chamada, que durou 12 minutos, é possível ouvir o som dos tiros disparados contra esse homem, conforme investigadores disseram à Folha.

A Polícia Civil também obteve imagens das câmeras da concessionária que administra a rodovia e constatou que o veículo em que estavam os PMs ficou parado no km 1 da Ayrton Senna por 12 minutos.

"Há vários indícios de execução", afirmou o diretor do departamento de homicídios, o delegado Jorge Carrasco.

Quando foram detidos, os três policiais negaram a execução. Disseram para um delegado e para uma promotora que pararam o carro porque um deles estava com cãibra na perna. Indagados por que havia manchas de sangue do morto em suas roupas, alegaram que era porque eles tinham socorrido o suspeito.

Para o comandante da Rota, tenente-coronel Salvador Madia, a ação na Penha foi "legítima", mas é investigada a ação dos três PMs que foram levados ao presídio militar Romão Gomes.

Ontem, a reportagem apurou que o homem que seria resgatado já tinha sido transferido para uma prisão de Guarulhos (Grande SP) 14 horas antes do tiroteio. A Secretaria da Administração Penitenciária disse que não se manifestaria sobre o caso.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.