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Lixão de multinacionais ameaça área na Amazônia

Local, no interior do Pará, acumula tambores com chumbo, cloro e pesticidas

Promotoria pede estudo para avaliar possíveis riscos à saúde; 54 empresas enviaram resíduos para o local

AGUIRRE TALENTO
DE BELÉM
FELIPE LUCHETE
DE SÃO PAULO

Um lixão industrial em plena Amazônia que recebeu resíduos tóxicos de multinacionais e outras grandes empresas, entre 1999 e 2003, está causando danos ambientais e à saúde no interior do Pará.

Os resíduos ficam em tambores espalhados em 900 hectares de floresta, com trechos desmatados, em Ulianópolis (390 km de Belém).

O lixo contém cloro, chumbo e pesticidas e foi encaminhado por empresas como Pepsi, Vale, Petrobras, Shell, Brastemp, Philips e Yamaha.

Todas contrataram a Uspam (Usina de Passivos Ambientais) para receber os resíduos, tratá-los e dar-lhes destino final adequado.

Em 2003, a Justiça encerrou as atividades da Uspam, após o Ministério Público do Pará alegar que a destinação do lixo não era adequada. Perícias do governo do Estado apontaram contaminação no solo, com riscos à saúde humana e ao ambiente.

Tambores chegavam ao local danificados, provocando o vazamento das substâncias que carregavam, dizem ex-trabalhadores. Um rio que fica nas proximidades recebia restos desse lixo.

Em quatro anos, a usina recebeu 25 mil toneladas de resíduos. Hoje há cerca de 4.000 toneladas, estima a prefeitura. A extensão dos danos ainda é desconhecida.

A Promotoria pediu estudos que apontem se moradores da região correm riscos de ter problemas de saúde.

RESPONSABILIDADES

Promotores identificaram 52 empresas que enviaram resíduos -nem todos perigosos. Todas são alvo de inquérito aberto em fevereiro, que pede o pagamento de um plano de recuperação da área, estimado em R$ 1 bilhão.

Segundo a promotora Louise Silva, será feita uma análise da responsabilidade de cada empresa. A Uspam também é alvo do inquérito.

Consultado pela Folha sobre o caso, o pesquisador Sabetai Calderoni, presidente do Instituto de Ciência e Tecnologia em Resíduos e Desenvolvimento Sustentável, afirma que a legislação exige que as empresas conheçam "de ponta a ponta" a forma de destinação dos resíduos.

Mesmo que as empresas escolham uma terceira para fazer a destinação, afirma Calderoni, é preciso que elas acompanhem o trabalho.

A Promotoria também apura se houve omissão do Estado e da prefeitura, que permitiram à Uspam funcionar.

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