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Wilhelm Kenzler (1933-2012)

A psiquiatria do professor Willy

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Houve uma guinada na carreira de Wilhelm Kenzler quando ele foi à Alemanha fazer doutorado em gastroenterologia. Descobriu, durante o período, que muitas doenças tinham origens psíquicas e que poderia ser mais útil conversando com o paciente do que receitando remédios.

Wilhelm prolongou então sua permanência na Europa para estudar psicanálise.

Paulistano, era filho único de um eletricista e de uma cozinheira, ambos alemães. Na década de 50, conseguiu se formar em medicina na USP.

Após a especialização, já influenciado pela antroposofia, doutrina formulada pelo espiritualista austríaco Rudolf Steiner (1861-1925), abriu seu consultório e deu aulas no Instituto Sedes Sapientiae.

Não era nada clássico como psiquiatra -pelo contrário, "era diferente em tudo o que fazia", lembra a mulher, Marília, professora. Segundo a amiga Eliana Barboza, psicóloga, Wilhelm buscava "penetrar na alma das pessoas para ajudá-las a se curar".

Em 1968, ajudou a fundar a Universidade de Santo Amaro, onde era conhecido como professor Willy. No currículo que montou, ressaltava a importância das relações humanas na formação dos médicos.

Só saiu da instituição em 2008, após uma demissão em massa de professores.

Era culto, apaixonado por Goethe e Beethoven e "falava com brilho", conta a mulher.

Teve um câncer, que voltou recentemente. Há algumas semanas, sofreu um acidente vascular cerebral. Morreu no domingo (27), aos 78. Deixa três filhos do primeiro casamento e quatro netos. Fazia doações regulares a instituições, só descobertas agora.

coluna.obituario@uol.com.br

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