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Resgate nota 10

Samu de São Paulo ganha prêmio mundial de eficiência em atendimentos de emergência

JAIRO MARQUES
DE SÃO PAULO

"Senhora, vou ficar ao seu lado, ao telefone, até a ambulância chegar. Por favor, não pare de fazer os movimentos que ensinei no peito do paciente. É muito importante manter a calma."

Quem tenta minimizar um quadro de parada cardiorrespiratória em um homem de 54 anos no bairro da Lapa, em São Paulo, até que os socorristas assumam a situação de emergência é a atendente Brasília Jamiski, 53.

Ela foi uma das pessoas que ajudaram o Samu (Serviço Médico de Urgências) de São Paulo a ser o primeiro da América Latina a conquistar o "Certificado Internacional de Eficiência", ao lado de outras grande metrópoles como Londres e Berlim.

Para conseguir o título, o serviço teve de cumprir à risca 20 quesitos de um extenso protocolo que 3.000 serviços médicos de todo o mundo também aplicam, sendo que 159 conseguiram excelência.

Entre os principais pontos: treinamento de todos os atendentes -com 80% de aproveitamento em avaliações-, acerto de pelo menos 90% na escolha de qual procedimento adotar diante da emergência relatada e educação continuada da equipe.

Mas o que encantou os certificadores estrangeiros não foi apenas a obediência aos parâmetros técnicos mas também a equipe de atendentes. Todos possuem algum tipo de deficiência (86%) ou são de baixa renda.

"Esses atendentes trouxeram humanização para o atendimento. As dificuldades que passam os tornam, sem dúvida, mais sensíveis para entender os dramas do outro", diz Nancy de Andrade Figueiredo, chefe de Gestão de Qualidade do Samu.

Os 162 atendentes que atuam no serviço foram treinados pela Avape (Associação para Valorização de Pessoas com Deficiência), que age em qualificação desse público para o mercado de trabalho.

"Sei que a pessoa que está do outro lado da linha precisa de mim. Até a ambulância chegar, tenho de ser confiante, agir de acordo com a recomendação do protocolo médico e manter a calma", declarou Brasília, que tem deficiência na perna esquerda.

VAI DEMORAR?

Mesmo com a certificação, o Samu admite que ainda tem muito a melhorar para dar conta de toda a demanda.

"Conseguimos atender muito bem, atualmente, quadros de risco de morte, mas em situações de baixa prioridade ainda é preciso avançar", afirmou Nancy.

Em média, em um caso de emergência, a ambulância demora dez minutos para chegar ao local de atendimento. O tempo já foi de 36 minutos, dois anos atrás.

A pergunta "a ambulância vai demorar?" foi uma das mais ouvidas nas cinco horas que a Folha passou dentro do serviço de atendimento do 192 em São Paulo.

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