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Kassab desengaveta projeto para duas novas rodoviárias

Cidade, que perdeu metade dos passageiros em 20 anos, chegará a 5 terminais

Prefeitura de SP pagou R$ 22 milhões por projetos; Socicam, que administra 3 terminais, critica iniciativa

JOSÉ BENEDITO DA SILVA
DE SÃO PAULO

Com metade dos passageiros de ônibus interurbanos que tinha há duas décadas, a cidade de São Paulo pode ganhar até 2014 mais duas rodoviárias, na Vila Sônia (zona oeste) e Itaquera (leste).

Os terminais se juntariam aos do Tietê, Barra Funda e Jabaquara, para completar, mais de 30 anos depois, o que previa o Piterp, o plano diretor de rodoviárias de 1978.

A ideia, desde então, é redistribuir as chegadas e partidas de ônibus, colocando os terminais próximos às saídas e reduzindo o tráfego urbano.

À época, existia apenas as rodoviárias da Luz -desativada em 1982, após a criação do terminal Tietê- e do Jabaquara, inaugurada em 1977.

A rodoviária da Barra Funda veio em 1982. Agora, os terminais completariam o plano, que passou por várias atualizações, a última em 2004.

A prefeitura, que contratou os projetos das rodoviárias por R$ 22 milhões, espera 28 mil passageiros e 250 partidas por dia em cada uma.

A estimativa é bem otimista. Os terminais existentes recebem 17 milhões de pessoas ao ano -ou 46,5 mil/dia-, quase a metade dos 32,1 milhões que atraíam em 1990.

Segundo a Socicam, que administra os três terminais, a média de passageiros por ônibus caiu no período de 33,6 para 23,9. O Tietê, maior rodoviária da América do Sul, opera com 22,5% da capacidade, melhor desempenho entre as três (veja quadro).

"É como ter três hotéis subutilizados e resolver construir mais dois. É um absurdo, a gente não entende isso", diz Eduardo Cardoso dos Santos, diretor da Socicam.

A empresa vai enviar carta ao prefeito Gilberto Kassab (PSD) contestando a ideia. "Nenhum lugar do mundo tem cinco rodoviárias", diz.

A prefeitura não tem estimativa de custo, mas, segundo Santos, ele deve chegar a R$ 500 milhões.

METAS

A prefeitura afirma que haverá menos ônibus nas ruas, o que deve provocar alívio em várias vias importantes, principalmente nas marginais, e redução do tempo de viagem.

A iniciativa, que consta do plano de metas de Kassab, deve enfrentar resistência também de moradores dos bairros. "Essa ideia foi colocada na gestão da Marta Suplicy (PT) e foi bastante polêmica", diz Márcia Vairoletti, diretora do Movimento Defenda SP.

Para ela, a rodoviária da Vila Sônia vai agravar o problema de trânsito. "Você coloca outras atividades no entorno, mas as avenidas continuam do mesmo tamanho."

Ela diz que "duvida" que a rodoviária saia do papel. "O próximo prefeito pode ter outras prioridades", afirma.

Vila Sônia ficaria com as linhas do Sul do país e de cidades a oeste da capital, como Osasco, Barueri e Sorocaba. Itaquera concentraria, entre outras, as partidas para o Vale do Paraíba e litoral norte.

Os terminais atuais são do Metrô, que não quis se pronunciar. Os novos também serão conectados a estações metroviárias -além de terminais de ônibus urbanos.

Segundo Santos, a queda de usuários ocorre em todo o país por vários fatores, como a maior facilidade para comprar carros e o aumento do uso de fretados e aviões.

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