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38% dos arrastões foram perto da polícia

11 dos 29 crimes neste ano em restaurantes e prédios da cidade ocorreram a menos de 500 m de unidade policial

Para delegado-geral, Marcos Carneiro de Lima, morar perto da polícia não significa estar 100% seguro

AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO

38% dos arrastões que assustaram moradores de condomínios, donos de restaurantes e clientes neste ano em SP aconteceram a menos de 500 metros de prédios da polícia. No máximo a quatro quadras de delegacias ou de batalhões da Polícia Militar.

Levantamento feito pela Folha mostra que essa foi a situação em 11 dos 29 roubos em série deste ano.

Entre os casos, estão um arrastão em um prédio nos Jardins (zona oeste), no sábado passado, e outros quatro em Higienópolis (centro) entre fevereiro e junho -dois em restaurantes e dois em condomínios.

O número de casos pode ser maior, já que os arrastões a restaurantes não são contabilizados separadamente pela polícia. Eles são investigados pelas delegacias dos bairros onde aconteceram. Ao contrário dos assaltos a condomínios, que têm as investigações concentradas no Deic (departamento que investiga o crime organizado).

No início do mês, quando o restaurante Carlota, em Higienópolis (centro), foi alvo de arrastão, o tenente-coronel que comanda o policiamento na região, José Luiz de Campos, afirmou que o fato de casos acontecerem nas proximidades da polícia eram "coincidência".

Ontem, no entanto, o delegado-geral da Polícia Civil, Marcos Carneiro Lima, disse que morar perto da polícia não deveria significar que a pessoa está 100% segura.

"A unidade policial é um prédio administrativo. A polícia tem que estar na rua. Os policiais que estão lá devem cuidar do armamento que tem lá dentro. É natural que ele espante, mas não vai impedir o arrastão", disse.

Para Carneiro Lima, só o investimento em investigação, com a colaboração das vítimas, pode ajudar a polícia a prender os criminosos e inibir a ocorrência de novos crimes na cidade.

Segundo o Deic, 10 dos 14 arrastões a condomínios residenciais neste ano foram solucionados, com 32 prisões.

PROFISSIONAl E AMADOR

Apesar de os arrastões chamarem atenção por conta do número de vítimas e de ladrões, o perfil dos criminosos é diferente.

Os que atuam em condomínios, segundo policiais, costumam ser "mais profissionais". Usam armas de grosso calibre, planejam a ação e possuem informações privilegiadas sobre algum morador do prédio.

Em alguns casos, eles têm ajuda de funcionários ou ex-funcionários dos prédios. "São ladrões que migraram do roubo a banco, carro-forte ou joalherias", diz Lima.

Já os ladrões que agem nos restaurantes planejam pouco a ação e são mais jovens. Nos assaltos à pizzaria Bráz e ao Carlota, por exemplo, quatro dos seis ladrões eram adolescentes, segundo a polícia.

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